À CANETA

A vida é vivida e registrada à caneta
Não dá para apagar as falsetas
Sem que fiquem marcas impressas
Desmanchar sem cuidado, com pressa
Faz buracos, rasga, danifica o papel
Se já está escrito e não é mais bonito
Vire a página, mude o capítulo, o livro
Bom mesmo é se munir de tinta e pincel
E pintar novamente por cima um novo céu
Com asas, anjos e arcanjos em festa
Voando, bailando, amando, flutuando
E em luz as trevas transformando
Nas novas cores, novos perfumes, novas flores
Mais vida, mais verdade, mais amores
Decepções enterradas, lições aprendidas
E um novo céu de estrelas salpicadas
Seguiremos de alma clara e lavada
À caneta a vida é registrada, tatuada
E sempre vale à pena, é abençoada

Alda M S Santos