NO CORAÇÃO DA SÉ!

“Pode chegar, pode olhar, pode falar”
Estava ali um homem meio que a divagar
Falava alto, parecia querer desafiar
“Pode escrever, não vou me importar!”

Centro de São Paulo, ser humanos em busca de um lugar
Pedem em silêncio ou aos gritos um novo olhar
Desafiam o que está posto, constituído
É justo, já que se sentem excluídos

Como ele sabia que escrevo tenho apenas uma ideia
Mas aquele jeito sofrido de ser já não tem plateia
Ele segue na luta, abandonado, almejando nova odisseia

No chão sob cobertas velhas ou na porta dos grandes monumentos
A cidade está cheia deles, pulsando no coração da Sé
Naqueles corações, será que há ainda um pouco de fé?

Alda M S Santos