AO PÓ VOLTARÁS
Do pó viestes, ao pó voltarás
Profetiza a sagrada escritura
Real, ainda que pareça dura
Entre a vinda e a volta ao pó
Entre o choro feliz da chegada
E o choro sentido da partida
Muita água passa debaixo dessa ponte
Muita poeira é levantada
Muita alegria celebrada
Muitas dores sanadas
Na volta ao pó tudo se iguala
Todos enfileirados, todos pó sob pó
Ali não se separa sexo, idade, etnia
Religião, cultura ou bens materiais
Todos são pó, todos viram pó!
Igualdade ainda que tardia!
Entre pó, entre lápides, nomes diversos
Quantas histórias poderiam ser contadas e escritas dali?
Nomes desconhecidos, registros de alguém que passou por aqui
Amou, foi amado, sofreu, causou sofrimentos, viveu…
Foi feliz ou nem tanto, deixou marcas!
Flores mortas no caminho, um carinho, lembranças…
Datas de chegada e partida
Jovens ou velhos, não há critério ou escolha
É chegado o momento! Sem morbidez!
Todos iguais ao menos ali
A diferença está no que deles ficou em cada coração
No que cada alma leva consigo
Do pó viestes e ao pó voltarás!
Alívio ou tormento isso gera?
O que em nós não se tornará pó?
O que a alma carrega consigo nunca será pó!
Essa é a verdadeira diferença que não se nota ali…
Esse é o registro que nunca se apagará
Mesmo depois do descanso eterno…
Alda M S Santos