MAIS PERTO DO CÉU
Não é preciso comprar terrenos, pagar entradas
Nosso ingresso para o paraíso
O lugar mais próximo do céu
O primeiro e certeiro lugar onde os bons estarão
Onde serão encontrados e levados na hora certa
É em seu posto de trabalho exercido no bem
Onde foi colocado aqui para laborar
E fazer a roda do amor girar
Não deixemos nossos postos de trabalho vazios!
Alda M S Santos
O PARAÍSO
O paraíso é onde a gente está
São as trilhas desse caminhar
Basta colocar um tiquinho de fé
E pode mesmo ir bem longe a pé
O onde a alma é quem será o guia
O como a mente ditará com sabedoria
As companhias dessa intensa viagem
São as mais valiosas, a maior vantagem
Se quiser descobrir para onde eu vou
Olhe onde tem poesia, se tem alegria
Certamente tem natureza, tem harmonia
Eu vou assim, sozinha ou acompanhada
Nunca me esqueço de mim
Sou minha melhor companhia, enfim
Alda M S Santos
PARAÍSO?
Era um lugar diferente, especial
Caminhava feliz, como no meu quintal
Alguns bancos, grama verdinha
Havia muita gente, mas estava sozinha
Parecia conhecer a todos ali
Olhavam-me, sorriam, “que faz aqui”?
Era o que o olhar deles perguntava
Não sabia dizer, só caminhava
Conversavam entre si, havia harmonia
Mas apesar de estar só, sentia a sintonia
De um lugar calmo, pacífico e acolhedor
Mas procurava alguém “sim, meu senhor”
Com uma facilidade enorme escalei
Uma árvore até o topo e lá fiquei
Paz era a sensação…”você aqui”?
Abri os olhos, sorri, te achei, acordei …
Alda M S Santos
ENTRE CÉU E INFERNO
O céu e o inferno existem em nós, coexistindo
Transitamos de um para o outro todo o tempo
Daquela parte que nos faz mal, que nos faz sofrer, que machuca
Para aquela que nos faz bem, alegra, anima, vitaliza, acaricia
Algumas coisas ou pessoas do meio nos instigam, nos levam
A sair de um para o outro, do inferno para o céu e vice-versa
E é a isso que devemos estar atentos
Fugir de pessoas “inferno”, que nos dificultam o trânsito para nosso céu
Buscar pessoas “céu”, que nos deixam em nosso paraíso
Bom mesmo é quando nosso céu se conecta ao céu do outro
Aí fica mais difícil, quase impossível, o trânsito para o inferno
Um céu conectado a outro céu é mais forte, mais iluminado
E não deixa a escuridão do inferno prevalecer …
Céu conectado a outro céu é repleto de anjos bons
E que fazem a vida ser mais linda…
Alda M S Santos
ILHA DO DESEJO
Uma placa, uma mensagem, uma indicação
“Ilha do Desejo”
Que será que se faz ali?
É uma ilha sonhada, desejada
Uma ilha onde desejos são despertados
Ou uma ilha onde desejos são realizados?
Será um espaço mágico, especial
Que ao ser adentrado todos os desejos tornam-se reais?
E se houver desejos controversos
Em que a realização do meu se interpõe à realização do seu?
Quais critérios usados?
Os mais justos, os mais fortes,
Quais prevalecem?
Qual a fantasia, qual a magia?
Ilha do Desejo
Do meu, do seu, de quem?
Alda M S Santos
É MACABRO FALAR DE MORTE?
Muitas são as explicações na tentativa de justificá-la
Uma das poucas certezas da vida: a morte
E ainda assim a desconhecemos e tememos
Atinge a todos, sem exceção
Não escolhe idade, raça, gênero, cultura ou condição socioeconômica
Ainda assim tentamos explicar:
“Estava velho e doente, sofrendo, foi melhor assim”
“Tão jovem, uma vida pela frente, não dá para aceitar”
“Lutou contra o destino, mas não teve jeito, era a hora”
“Esse também desafiou a morte todo o tempo”
“Era um anjinho, nada viveu ainda”
“Uma alma boa, nunca fez mal a ninguém”
Ou a mais ouvida de todas:
“Deus chamou de volta para casa!”
Quem Deus chama de volta?
Qual o critério para voltar para casa?
Deu defeito, venceu o período de garantia?
Precisa de “assistência técnica” especializada?
Deu ou causou perda total e precisa voltar para o fabricante?
E se foi mau uso, tem direito a reparos e retorno às vias?
E aqueles que apresentam reiteradamente o mesmo defeito, destruindo ou arriscando a si e aos outros?
Nessa perspectiva Deus seria o mecânico, o técnico especialista em reparar falhas e danos.
Mas será que Ele não saberia fazer isso com o motor funcionando, com o coração batendo?
Será que quem volta para casa não precisa de injeção de carinho, tratamento intensivo de amor?
E aqueles que não apresentam defeito de fábrica,
Por que voltam para a “oficina”?
Será que Ele não leva alguns tão bons para ajudá-lo lá em cima?
Será que simplesmente não venceram seu “estágio” por aqui?
Será que quem é chamado de volta já não veio com data de retorno?
Qual o critério para escolher o quanto viver e quando morrer?
Olhando por um lado positivo
Quem morre já cumpriu seu papel nessa dimensão,
E volta para a eternidade, para o paraíso tão aclamado!
Não é castigo ou punição a morte, apenas mudança de jornada.
Seriam, então, privilegiados aqueles que vão mais cedo…
Difícil é fazer aqueles que foram deixados para trás
Entender, aceitar e aprender a lidar com a ausência e a saudade…
E, não, falar de morte não é macabro!
Alda M S Santos
CÉU E INFERNO
Ansiamos pelo céu, tememos o inferno
Mas ambos estão muito pertinho de nós
Na verdade, ambos estão dentro de nós, ou nós dentro deles
Estamos no paraíso quando experimentamos boas sensações
Amor correspondido, amizade sincera, família unida
Corpo e mente saudáveis, paz conosco mesmos
Tudo lá fora torna-se lindo, colorido, brilhante, mesmo com raios e trovões, gelo ou nuvens pesadas…
Isso é paraíso.
Experimentamos o inferno quando não temos sintonia conosco, com os outros
Quando faltam empatia, amor, amizade, sossego
Quando sobram culpas, autoflagelos, dores, males físicos e mentais
Autopiedade, desconfianças, desamor, escuridão
Lá fora pode ser um espetáculo maravilhoso, sol quente, amor, natureza viva
E nós de olhos cerrados nos sentindo destruídos …
Isso é inferno.
O céu e o inferno, se fossem um lugar específico
Se tivessem que ser localizados num mapa
Seriam dentro de nossa própria mente, de nossa consciência
No mais íntimo de nossa alma
E depende de nós entrar ou sair de cada um deles
Fazer malas, mudar, deixar pra trás o que fere, ainda que com sofrimento
Mudanças sempre são dolorosas
E não precisamos morrer para isso…
Alda M S Santos
ENCONTRO
Ele a aguardava no início de um longo caminho
À frente descortinava-se paisagem paradisíaca
Céu azul e nuvens branquinhas, um por-do -sol de tirar o fôlego, gramíneas e árvores frondosas no caminho.
Ela chega, ele estende a mão para recepcioná-la, olhos nos olhos, falam silenciosos
Mãos dadas iniciam lentamente aquele longo caminho.
Às vezes se olham, sorriem, se entendem.
Qualquer dúvida, receio ou problema tinha ficado para trás.
Vestes leves, esvoaçantes, pés descalços
Os dela estavam machucados, ele se abaixa, faz um carinho em seus pés feridos.
Levanta-a no ar num longo abraço…
Poderiam ficar sem respirar, a energia fluía de um corpo ao outro, de uma alma à outra.
Parece querer absorvê-la, não deixá-la nunca mais sair de perto.
Cabeça encaixada em seu ombro, ela sorri e chora ao mesmo tempo.
Enfim, estão no lugar certo, tão desejado!
Cenário cinematográfico: silhuetas abraçadas ao por-do-sol.
Hora das letras FIM aparecerem,
Porém, o que aparece é
RECOMEÇO
E vão desaparecendo lentamente, abraçados, juntos, ao longe.
Alda M S Santos