NAS BATALHAS
Batalha pelo pão que alimenta o corpo
Batalha pelas águas claras que hidratam o ser
Batalha pelo chão firme sob os pés
Batalha pelo céu azul que possibilita voos livres
Batalha pelo abraço gostoso que une os seres afins
Batalha pelos bons relacionamentos que enriquecem o viver
Batalha pelo amor recíproco que alimenta a alma
Batalha para sentir-se membro dessa nau
Batalha para ter onde repousar corpo, mente e coração
E viver um sonho real
De amor e compaixão…
Nas constantes batalhas para nos firmar como gente
Devemos nos cuidar para não perdermos nossa humanidade
Nas batalhas da vida precisamos, às vezes, nos render
Pedir uma trégua, talvez até nos sentir meio presos
Para poder sermos verdadeiramente livres e vitoriosos
E seguir em paz quando chegar o momento de voltar para casa
Alda M S Santos
ANJOS QUE CHORAM
Absorvendo nossas quedas e dores
Anjos se machucam, anjos choram
Choram quando veem que insistimos no caminho errado
Choram quando nos ferimos
Choram quando ferimos os outros
Choram quando não conseguem nos ajudar
Choram quando choramos…
E o mundo chora com eles
Aqueles que estão por aí
Insistentes, persistentes, corajosos
Que se machucam, se ferem, se doem, se doam
Por aqueles que protegem nas dores
Que acolhem no sofrimento, na fragilidade
Se olharmos bem, se apurarmos nossos ouvidos
Seremos capazes de ouvir o choro dos anjos
De ver seu sofrimento atrás de sorrisos
Suas lágrimas silenciosas nas batalhas por nós
Por lutar por seres humanos melhores
Por um mundo melhor,
Anjos choram…
Quem são nossos anjos?
Alda M S Santos
DUELANDO
De frente, de costas, de perto ou de longe
Confrontos visando resolver desagravos diversos
Armados: armas brancas, de fogo, palavras, cérebro, coração
E os digladiadores “modernos” continuam a duelar
Quem tombará primeiro?
Quem vence afinal?
Duelos de cunho físico ou emocional
Quem tem o gatilho mais rápido
Ou o chicote mais certeiro?
Qual a arma mais potente?
Qual a palavra mais poderosa?
Qual o prêmio desse entrave, dessa disputa?
Quem são afinal os adversários, quais as desavenças?
Num combate corpo a corpo, mente a mente, alma a alma
Vence aquele que se entrega
Aquele que usa a arma mais poderosa: o coração
Ainda que esteja fora do corpo, ele não nos deixa na mão
Ele sabe até onde pode ir sem matar, sem morrer…
Alda M S Santos
POR QUE ROSA?
Ele é rosa, o outubro é rosa
Todos os meses deveriam ser rosa
Rosa é coisa de mulherzinha, também de mulherão
Rosa é coisa de mulher, associado ao feminino, é força e fragilidade
Rosa cor, rosa flor, rosa amor, rosa de superação da dor
Somos rosa não apenas pela delicadeza
Somos rosa pela força que se agiganta quando preciso
Que brota do fundo, cresce e se alastra como roseiral
Somos jardim de rosas em luta pela saúde feminina
Rosa que conscientiza a fazer o autoexame dos seios
Rosa que nos leva a lutar pelo direito à saúde pública, a exames de imagem
Rosa que nos lembra da prevenção do câncer de mama
Rosa que nos faz guerreiras ao extirpar um tumor
Rosa que nos fortalece a encarar de peito aberto essa batalha pela vida
Rosa que nos leva a sensibilizar companheiros da importância do apoio familiar
Rosa que nos faz sentir sempre belas, queridas e desejadas
Rosas amadas, ainda que nos falte temporariamente uma parte bem feminina
Que tem o poder de alimentar outras pequenas vidas
Mas que nos lembra que somos femininas por muitas outras razões
Principalmente o amor, a bondade e a coragem
Nada chega ou se vai sem deixar algo importante
E o câncer de mama tem esse poder
Despertar a força adormecida em cada rosa desse lindo roseiral
O outubro é rosa, somos todas rosa
Somos rosas pela vida!
Cuidar desse jardim é responsabilidade de todos!
Alda M S Santos
#outubrorosa
ESSA FORÇA ESTRANHA
De onde vem essa força?
A força que faz tantos carregarem um peso
Muitas vezes maior que o próprio?
De onde vem essa força
Que faz sorrir, onde tantos derramam rios de lágrimas?
De onde vem essa força
Que nasce, cresce, se espalha e se renova
E a tantos contagia, surpreende?
De onde vem essa força
Que brota em terrenos aparentemente áridos e inférteis?
De onde vem essa força
Que cresce nos vazios alheios que preenche
De onde vem essa força estranha
Se não de dentro de nós mesmos?
É sempre lá que a força está,
Sempre!
Pode estar em repouso, mas existe
Pode ser leve como uma esperança, voar, flutuar
Apenas precisa de algo que a acione
Em alguns é um sorriso, um abraço, uma família
Um trabalho prazeroso, uma mão que se estende
Uma amizade sincera, um amor incondicional
Talvez até uma grande decepção ou tristeza
Palavras de fé e estímulo, um olhar amoroso
Até mesmo por ter alguém que deles necessitem
Atividades de amor, solidariedade e compaixão, Deus…
A força está em cada um de nós
Cada qual tem algo especial que a faz mirrar ou crescer
De onde vem sua força?
Alda M S Santos
UM DIA DE CADA VEZ
Quando a felicidade estiver muito próxima da tristeza
Quando a força exigida para manter-se de pé
Estiver fragilizando ainda mais as pernas
Melhor deixar-se “cair”, reconhecer-se frágil
Talvez até impotente naquele momento
Sentar-se à beira da estrada, descansar de tantas dores e cobranças
Dos outros, de si mesmo, principalmente
Abastecer-se de fé e coragem, reconhecer-se humano
E quando a força for chegando aos poucos, se renovando
Levantar, voltar a seguir, um passo de cada vez, degrau por degrau
Lembrando do aprendizado que ficou para não cair ou derrubar novamente
Construindo pacientemente um novo caminho para si
Nem tão longo, nem tão difícil ou penoso
Abrindo os olhos para a luz que se apresenta à frente
Enxergando e vencendo apenas um dia de cada vez…
Alda M S Santos
NOCAUTE
A vida vai bater, muitas vezes bem forte
Golpes diretos, cruzados, ganchos certeiros
“Vence” quem tiver o coração mais leve
Você vai se machucar, se ferir, ferir os outros
Sentir-se atordoado, talvez perder a noção do certo e errado
Vai querer revidar pancadas, usar golpes baixos
Aguente firme, equilibre-se, desvie de alguns diretos
Proteja-se!
Fortaleça sua musculatura, absorva alguns “socos”
Transforme-os em energia para prosseguir
Se cair, respire fundo, beba água
Ajeite o protetor bucal, o protetor emocional
Levante-se!
Evite revidar golpes duros
Eles sempre retornam mais fortes
Risco de nocaute…
Os golpes mais traumáticos virão de onde você menos esperar
Te lançarão na corda, te derrubarão na lona
A vontade de ali ficar será grande…
Mas…levante-se!
Sofra o que tiver de sofrer, cure as feridas
Dê-se um tempo de “luto”, de repouso
Aprenda, prossiga!
Cuidado com golpes já conhecidos
Não golpeie com aquilo que sabe o quanto machuca
Se tiver que revidar, que seja a bondade e o amor
No mais, golpe nenhum merece revide
No ringue da vida quando alguém vai à nocaute
Na verdade mais de um perde
Ninguém ganha!
Será que fomos prevenidos antes de vir para esse ringue?
3,2,1…levante-se!
Alda M S Santos
EU VERSUS EU
As grandes batalhas da vida
Não são aquelas lutadas lá fora
As maiores batalhas do existir
São aquelas travadas no front de nosso interior
As vezes em que não eliminamos nossos monstros
Por medo, covardia ou compaixão
As vezes em que não neutralizamos um mal
Dando tempo para ele crescer e se fortalecer
E voltar a nos atingir em cheio
As vezes em que nos escondemos atrás de barricadas
Sabendo bem qual era nosso calcanhar de Aquiles
As vezes em que demos munição para “adversários” já conhecidos
E não usamos as armas que sabemos que seriam as mais potentes
Não importa se o oponente é um mal físico, mental, psicológico ou emocional
Uma doença crônica, um diabetes, uma dificuldade com números ou de expressão de sentimentos
Problemas de autoestima, ciúme, confiança ou bondade excessiva
Ou aquela pessoa a quem “damos” o poder de nos irritar ou fragilizar
E ficamos expostos nas trincheiras, de peito aberto
Ferida aberta, reaberta, sangrando
Nosso oponente sempre está em nós mesmos
Só nós podemos deixá-lo nos atingir
Só nós podemos enfrentá-lo
Uma batalha já é perdida ou ganha em nosso interior
Aqui fora é só um detalhe a mais
Muitos campos abertos aos quais nos expomos sem necessidade
Viemos para essa “guerra” para vencer nossos próprios “inimigos”
Sermos melhores a cada dia
Evitando sermos atingidos por fogo “amigo”
Ou atingindo adversários imaginários
Como sabemos se estamos vencendo?
Quando estamos bem conosco mesmos, em paz física e emocionalmente
E com aqueles que nos cercam
É sinal que estamos vencendo
Mas essa é uma batalha que só termina quando somos chamados de volta para casa
Para nosso território de origem…
Como estamos nos saindo em nossas guerras particulares?
Alda M S Santos
O BOM SOLDADO
“O bom soldado não deixa seus feridos para trás”
Independente se está ou não em risco
Se se preocupar apenas com a própria integridade física
Ainda que com vários danos emocionais comuns nas “guerras”
Se seguir em frente sem socorrer aquele ferido que lutou a mesma batalha
Deixando-o à própria sorte, visando salvar apenas a própria pele
Atitude essa que denota falta de caráter, de hombridade
Ausência de humanidade, compaixão e amor
Quem abandona um ferido em “guerra”
Não é apto para as batalhas da vida
Não terá forças emocionais para seguir em frente
Sentirá sempre na alma o peso daquele ferido que poderia ter carregado nos ombros
Nunca será um “vitorioso” de verdade
Estamos todos numa “guerra fria”
Soldados vários lutando por espaço, por pão, por água, por diversão
Por emprego, por amizade, por amor…
Nessa disputa, um que se perde, um que é deixado para trás
Afeta toda a humanidade contida em cada um de nós…
Somos todos soldados de um grande exército escolhidos para estar aqui
Desviando dos obstáculos, caminhando nessas trincheiras, curando feridas
O que diremos quando formos questionados onde está aquele irmão que deixamos para trás
Machucado por nós, pelo “inimigo”, ou por si mesmos
E sequer percebemos que estava ferido tão perto de nós?
Sairemos todos vitoriosos quando percebermos que, ao abandonar seus feridos
Um exército não chega mais rápido e mais honradamente em casa…
Alda M S Santos
ENSAIO DE GUERRA
Nada “melhor” que um ensaio de guerra para percebermos o que tínhamos
E, por cegueira temporária, não enxergávamos
Bastou parar caminhões, faltar combustível
Para faltar tudo aquilo que pensávamos “não ter”
Brasileiros, ao menos boa parte deles,
Vive na carência material, de saúde, educação, transporte, segurança …
Mas o medo de vir a minar o básico dos básicos
Levou os cidadãos à corrida para estocar alimentos, água, a economizar
Temos muita corrupção e roubalheira, submissão, inércia e letargia
Mas também temos, bem ou mal, alimentos, água, moradia, transporte…
Sem levar em conta os oportunistas e aproveitadores
Que olham do alto e se enxergam como únicos numa multidão de famintos
E, além do jeitinho malandro de sobreviver, temos bom humor para enfrentar o caos
Criatividade para buscar o que precisamos
Tudo isso nos fez focar no que ainda temos
Não apenas no que nos falta…
Crises despertam o que temos de mais animal e irracional em nós: o instinto de sobrevivência
Atiçam nossas características mais fortes, boas ou ruins
O grande paradoxo é que é com elas que acordamos e lutamos
E também nos matamos…
Alda M S Santos
FARDOS NOSSOS
Muito ouvimos que Deus não nos dá fardo maior que nossas costas
Doenças do corpo e da alma, desamor, injustiças, violência
Assaltos, estupros, sequestros, amigos que lavam as mãos
Inimigos disfarçados de amigos, perdas
Falta de fé, de coragem, de lucidez…
Acreditamos e lutamos para carregar cada fardo que recebemos
Até ajudamos os outros a carregar seus fardos
Deus certamente conta também com as costas amigas que dividem o peso conosco
Amigos, amores, familiares…
Que nos ajudam nas encostas e ladeiras íngremes
Nas tempestades mais fortes, nas noites escuras como breu
Onde pesadelos nos assombram, monstros nos perseguem
E a força parece faltar, as pernas tremem, as lágrimas escorrem sem cessar
Quando queremos e pedimos que o mundo gire muito rápido
E nos lance para fora da galáxia…
Ninguém pode sentir o peso do fardo do outro
Calcular a dimensão da dor alheia
Ou a profundidade da ferida e do quanto ela sangra…
Mas pode ajudar, estender a mão, aceitar ajuda…
Ser o “anjo” na vida do outro é tornar leves dois fardos
O deles e o nosso!
É preciso pés no chão, fé no coração
Essa humildade Deus espera de nós!
Com ela temos mais chances de ser felizes…
Eu creio!
Alda M S Santos
CATAPULTA
Não é preciso nem um extremo nem outro
Não preciso sorrir todo o tempo, tampouco chorar
Posso ter energia bastante para lutar
Mas posso querer hibernar por uns tempos
A alegria pode ser rara, a tristeza também
Mas não preciso nem um extremo e nem outro
Não quero viver na zona de confronto todo o tempo
Mas a zona de conforto também não é satisfatória
O amor não necessita ser daqueles de contos de fadas
Mas também não precisa ser de conto policial
Não preciso nem um extremo e nem outro
O trabalho pode ser intenso e prazeroso
Mas a inércia também pode fazer parte, ser necessária
Ou posso optar por deixar-me levar pela letargia
Vez ou outra preciso me desligar de tudo
Antes que tudo se desligue de mim
Não é preciso nem um extremo nem outro
Mas se chegar a qualquer dos extremos
Que eu possa me encontrar em qualquer um deles
E ser catapultada de volta ao prumo!
Alda M S Santos
UM DIA DE CADA VEZ: SÓ POR HOJE!
A máxima dos grupos de ajuda
Das pessoas que sofrem qualquer mal
Quer seja mal físico, emocional, dependência química, vícios, é:
Um Dia De Cada Vez.
Só por hoje!
Só por hoje vou ser forte!
Só por hoje vou resistir!
Só por hoje não vou querer!
Só por hoje terei coragem!
Só por hoje não terei saudade!
Só por hoje não vou sentir medo!
Só por hoje não vou sofrer!
Amanhã será novo dia e novamente: só por hoje.
Assim fica mais fácil vencer qualquer dor, tristeza, sofrimento, saudade…
Pensar em lutar contra algo para sempre é tempo demais!
E se houver recaídas, tudo parte novamente daí.
Humanos erram, caem, levantam e seguem…
Humanos acreditam, mesmo sofrendo!
Por isso, quase sempre vencem…
Alda M S Santos
AMIGOS E INIMIGOS
Podemos ser nossos maiores inimigos,
Pois conhecemos melhor que ninguém nossas fragilidades
E, muitas vezes, as entregamos de bandeja ao adversário.
Também podemos ser nossos melhores amigos,
Visto que só nós mesmos podemos acionar nossas forças capazes de combatê-las.
Resta saber de que lado vamos lutar:
Contra ou a favor!
E isso não é tão simples quanto possa parecer,
Vivemos nos jogando de cara na lona, qualquer que seja nossa categoria!
1, 2, 3… E levantando…
Será nocaute dessa vez?
Alda M S Santos
PRÓXIMO DO NOCAUTE
Ver, mesmo de olhos cerrados,
Sentir, mesmo com o coração fechado,
Dizer, mesmo sem palavras,
Ouvir, mesmo os gritos ou sussurros dos silêncios,
Acreditar, mesmo que tudo pareça ruir,
Abraçar, ainda que os braços pesem,
Sorrir, mesmo entre lágrimas,
Lutar, mesmo próximo do nocaute,
Beijar, mesmo com lábios ressequidos pela distância,
Prosseguir, mesmo com a sensação de andar para trás,
Viver, mesmo que a vida pareça pertencer a todos, menos a nós mesmos.
Alda M S Santos
A CORRENTE QUE MATA GENTE
“A corrente que mata gente, quem tem medo sai da frente!”
Adorava essa brincadeira de criança!
Além da diversão, elas sempre nos deixam uma lição.
Na rua, um número grande de crianças,
Unidas lado a lado com os braços passados pelos ombros do outro.
Seguiam a rua cantando:
“A corrente que mata gente, quem tem medo sai da frente!”
Quem viesse em sentido contrário tinha três opções:
Juntar-se à corrente, que seguia cantando e mais forte,
“A corrente que mata gente, quem tem medo sai da frente!”
Voltar e fugir dela o mais rápido possível,
Formar uma nova corrente para enfrentá-la de igual para igual.
Enfrentar a corrente sozinho não era uma opção, era kamikaze demais.
Crescemos, mas a “brincadeira” continua.
“A corrente que mata gente, quem tem medo sai da frente!”
Ficam algumas questões importantes no ar.
Diante das correntes que “matam gente” que se formam por aí:
Nós as abraçamos? Concordamos com elas?
Lutamos sozinhos? Fugimos?
Formamos corrente contrária?
A lição da infância que fica é:
A brincadeira fica mais interessante quando não há apenas uma corrente.
Quando há pelo que, por que e por quem lutar!
“A corrente que mata gente, quem tem medo sai da frente!”
Ela está aí e sabe que temos força! Vamos esperar ser esmagados?
Alda M S Santos
Foto Google.
NOSSO PAÍS PRECISA DE MÃES
Nosso país precisa de lições maternas:
Nos lares, nas escolas, nas igrejas, nos (des)governos.
Seu direito termina onde começa o do outro.
Respeite os mais velhos e experientes.
Levantar a voz é perder a razão.
Se não é seu, deixe onde está.
Guarde o que usar, lave o que sujar, feche o que abrir, apague o que acender.
Procure acertar, se errar, desculpe-se e aprenda a lição.
Ajude os mais fracos, não se mostre superior quando for mais forte.
Seja confiável, mas não confie em todos.
Pegou emprestado, devolva, deu, tá dado.
Mantenha distância de estranhos.
Não prejudique ninguém e procure caminhar pra frente.
Será que nossos governantes tiveram mães?
Como parece que não receberam as mesmas lições, vale lembrar mais duas:
Lute por seus direitos.
Não procure briga, mas também não apanhe, saiba se defender!
Nosso povo precisa dessas duas momento.
Alda M S Santos
GREVES E PARALISAÇÕES DE PROFESSORES: DE NOVO?
Sou professora, pedagoga, há 27 anos. Aposentei-me agora em fevereiro, 27 anos de contribuição no magistério e 4 anos na iniciativa privada.
Ouço muito: “que sorte a sua, tão nova, mais ninguém conseguirá tal façanha antes de morrer”.
A Reforma Previdenciária a ser votada é desumana e cruel, ilógica e irracional, todos sabemos.
Porém, as mesmas pessoas que me parabenizam, dizem: “professores em greve, de novo”?
Foram incontáveis as vezes em que participei de paralisações ou manifestações ao longo de minha carreira. Independentemente se o governo era de direita ou esquerda, partido A ou B. Entrou lá, a situação é outra. O discurso muda radicalmente.
Muitos ganhos trabalhistas da categoria, ou garantia de direitos conquistados foi à custa de muita luta.
O que temos hoje aí é muito insatisfatório. Temos muito a crescer ainda em matéria de educação.
Agora, a Reforma Previdenciária vem para atingir a todos num golpe mortal e inigualável na história. Retrocesso.
O pior é que sabemos que a verdade não é ausência de recursos. É má administração e desvio dos mesmos.
Contas em paraísos fiscais, se desmanteladas, provavelmente pagariam por uns bons anos os inativos do país.
A luta pela dignidade no trabalho, de docentes e discentes, é antiga. Menina ainda, lembro-me de minha mãe nas manifestações, depois fui eu, agora uma nova categoria, de alunos meus, hoje trabalhadores, cidadãos conscientes, aí na frente de batalha.
Uma nova consciência está surgindo. Uma mãe de aluno falou um dia desses: “vocês têm que lutar mesmo, por vocês, por nós todos. Na iniciativa privada a greve é mais complicada. Lutem por todos nós, por nossos filhos”!
Quando o calo que aperta é dentro de nossos sapatos, aceitamos qualquer outro calçado que se apresente e sinalize algum conforto.
A greve não é de uma categoria. É de todo um povo!
A luta é de todos nós!
Alda M S Santos
ABRIR MÃO
Desde pequenos, somos ensinados a lutar pelo que queremos
Mas pouco nos ensinam a abrir mão, a desistir, a deixar pra lá.
Nossa natureza é, quase sempre, lutadora, guerreira.
Porém, isso não elimina a necessidade de aprendermos a abrir mão.
Em retrospecto, podemos calcular quantas vezes, ao longo da vida,
Tivemos que lutar bravamente após várias quedas ou quase nocautes,
E outras, em que fomos obrigados pelas circunstâncias a abrir mão do que queríamos.
Sabemos que recuar, dar um passo atrás, pode ser um modo de reabastecer as energias.
Dar uma trégua, reavaliar estratégias ou planos de combate faz parte de toda luta.
Guerreiros natos afirmam que é preciso perder uma batalha para ganhar a guerra.
Ou que em toda luta alguns soldados acabam por ser sacrificados.
Porém, atrás de uma barricada segura, precisamos saber quais combates vale a luta.
Muitas estratégias boas vão para o brejo por causa de táticas mal aplicadas ou de soldados mal preparados.
Saber a hora de desistir é tão importante quanto a hora de prosseguir.
Abrir mão de uma conquista de território, de espaço ou de qualquer bem precioso,
Exige muita perspicácia, intuição, treino, sabedoria e abnegação.
Voltar para o quartel, para a base de controle, pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Duas questões se fazem necessárias: Pelo que temos lutado? Do que temos abrido mão?
A primeira delas deve ter um número maior de itens.
A segunda não deve causar tanta dor, sob pena de voltar pra linha de combate.
Alda M S Santos
CORAGEM
Sabe aquela história de que “desistir foi meu maior ato de coragem”?
Pode parecer balela, desculpa esfarrapada, coisa de covardes, mas não é.
Muitas desistências são, sim, falta de vontade, de coragem ou persistência.
Porém, quase toda desistência de algo implica que outra opção foi feita. Por n motivos.
Pode ser que o abrir mão de algo, aparentemente precioso, tenha ocorrido para benefício próprio, para proteger algo ou alguém amado, para o bem familiar ou coletivo…
Quer seja uma escolha profissional, pessoal, familiar, amorosa, não importa.
Ao escolhermos trilhar o caminho A, sabemos que abrimos mão dos caminhos B e C. Ainda que eles permaneçam em nossas memórias por tempo indeterminado.
Algumas bifurcações são muito estreitas e de decisão sofrida.
Tantas vezes são escolhas difíceis, quase sempre dolorosas.
Como temos apenas vaga ideia do porvir, decidimos com base no hoje, e só o tempo dirá se foi o caminho mais acertado.
Alguns caminhos não têm volta, mas de muitos deles é possível retornar e recomeçar, se se perceber que não foi a escolha mais acertada.
Afinal, nossa vida não vem com GPS. E mesmo que viesse, poderíamos ser direcionados para caminhos errados.
Quando ouvirmos alguém dizer “desistir foi meu maior ato de coragem”, “abri mão por amor”, “optei em prol de alguém”, é melhor acreditar e se solidarizar.
Ninguém está a salvo desse ato de coragem!
Alda M S Santos
NÃO FUI CONVOCADO!
Vida injusta, acusamos nós!
Não nos convidou para o baile,
Fomos esquecidos
Não nos chamou para o passeio
Fomos preteridos
Não nos escolheu para o amor
Fomos marginalizados
Não nos convocou para o jogo da final
Fomos descartados
Quantas vezes reclamamos?
Difícil entender uma recusa.
O não pode ser sim
O sim pode ser não.
Convocação pode ser vida, vitória!
Pode também ser morte, fim de jogo…
Entender nossos limites
Lutar pelo que vale a pena
Não se aborrecer pelo que não temos controle
Fazem toda a diferença em nosso viver.
As águas do rio encontram obstáculos, mas nunca param, seguem em frente.
Cedo ou tarde, compreendemos.
Alda M S Santos
SOMOS MUITOS
Somos muitos de nós por aqui
Para quando a energia de um se apagar
Acendermos a do outro
Somos muitos por aqui
Para quando nossas lágrimas jorrarem como rio caudaloso
Os braços do outro nos ajudarem a nadar
Para quando nossa fé enfraquecer
Nosso irmão poder dizer: estou contigo
Somos muitos de nós por aqui
Não para uma disputa desenfreada
Tampouco para matar ou morrer
Somos muitos por aqui para montarmos nossa base aliada
Somos um time, uma equipe, uma tropa
Nosso objetivo é ser feliz, fazer feliz
Não alcança o objetivo quem deixa um companheiro caído para trás.
Nossa batalha se fortalece e se ganha no amor e na união
Deus é nosso general maior
O comandante dessa tropa
E Ele não está fechado no quartel
Está conosco na linha de frente.
Pode ser esse companheiro caído ao nosso lado que estende a mão.
Depois de socorrê-lo, podemos seguir em frente!
Marchando!
Alda M S Santos
ATROPELADOS PELA VIDA
Tantas vezes somos atropelados pela vida. Caídos, outros “veículos” ainda passam por cima, caçoam, “filmam”, chutam cachorro morto. Quando tudo que queremos é um jornal para nos cobrir!
É, a vida pode ser cruel, às vezes. Imunidade baixa, todos os nossos monstros internos ganham força. Por isso parece que tudo vem ao mesmo tempo: desemprego, desilusão amorosa, brigas familiares, saúde frágil, caixa em baixa, amigos ausentes…
Pensamos em desistir… Entregar os pontos, jogar a toalha, aceitar o game over.
Tudo torna-se seco, cinza, sem vida! Fechamo-nos para o mundo.
Aí aparecem as almas caridosas com os velhos conselhos: vai passar, sacode a poeira, levante-se, chorar não vai adiantar…
E nossa vontade é gritar: pare, deixe-me com minha dor! Eu quero chorar, quero me entregar, quero ficar afundado nesse sofá por quanto tempo me aprouver!
Esse momento de “luto” é importante. Nele processamos o que perdemos, o que restou, o que devemos buscar. Fazemos nosso balanço interno antes de reabrir as portas para o público.
E nossa força, aos poucos, ressurge. E vai crescendo.
De onde vem essa força? O que a aciona? Quem dispara esse gatilho?
Cada um é cada um, mas vamos aprendendo técnicas para lidar com o sofrimento. Cada qual busca a sua: família, leituras, passeios, atividade física, chocolate, músicas, orações…
Duas ajudas são fundamentais e universais.
Primeiro: os amigos, aqueles mesmos, os dos velhos conselhos. Não sejamos tão duros com eles, não fazem por mal, do seu jeito, querem apenas ajudar.
Segundo: Deus. Ele é um só e olha por todos, independente do tamanho do nosso problema. Se nos incomoda, se pedirmos, Ele nos ajuda e nos atende.
Quando estivermos derrubados no meio da estrada, mesmo que seja difícil, tentemos lembrar disso. Pode diminuir o período de luto e irrigar a força. Ela brotará mais rapidamente.
Alda M S Santos
TRAJETÓRIAS
O destino é o mesmo,
Mas são tantas as trajetórias…
Longas, curvas, cheias de atalhos,
Alegrias, lágrimas, dores, saudades.
Muitos obstáculos, emoções, lutas…
Pequenas vitórias, enormes tropeços, grandes amores…
Valiosas lições, aprendizados ricos
Nas nossas, especialmente nas trajetórias dos outros…
Muitos milagres, bênçãos sem fim.
Tantas vezes estamos nas trajetórias alheias!
Podemos ser o amor, o sorriso, a lágrima
A alegria, o obstáculo
A lição ou a maior emoção.
Que saibamos deixar marcas eternas e positivas nos corações daqueles que tocarmos!
Alda M S Santos