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Tempestades internas

TEMPESTADES INTERNAS

Toda tempestade costuma ser, se não anunciada, no mínimo, armada aos poucos. Muito calor, muita umidade, muita evaporação, aí é só aguardar.

Quanto mais tempo de evaporação, maior a quantidade de água na atmosfera, mais carregadas serão as nuvens

Quando vier o resfriamento, mais forte, torrencial, assustadora a chuva será.

Nossas tempestades internas também são anunciadas, armadas, formadas lentamente.

O problema é que as ignoramos. Às vezes, alguns nos alertam: de 

“Se trabalhar tanto vai adoecer”, “sorria mais e se estresse menos”, “não acumule angústias, raivas”, “desfrute de lazer, passeie”, “não gaste tanto, seu orçamento vai estourar”, “beba menos, vai desgastar sua imagem”, “evite tensões, ciúmes de qualquer tipo”, “ame e aceite amor”, “amor exagerado e não vivido também estoura”…

Tudo que vamos acumulando em nosso interior tem o mesmo efeito que as gotas d’água que evaporam e vão para a atmosfera.

Nossas nuvens emocionais estão agora negras e pesadas. Quando vier um resfriamento ou detonador qualquer nossa tempestade desabará torrencialmente. 

Pode fazer muito barulho, ou não, mas chama a atenção. Desabamos junto, literalmente. 

Muita água rola, muitas lágrimas, muita dor, rebeldia, revolta, depressão.

A diferença é que ninguém questiona a chuva. Ela é bem vinda, não presta contas a ninguém. 

Já nossa “chuva” é questionada por todos. Principalmente se vier forte e atingir terrenos alheios, o que quase sempre acontece.

Mas quando ela cair, não tem jeito. Deixe rolar… Chore tudo que tem direito, brigue, fale, se abra… Se aliviar, chore na chuva, as águas confundirão os curiosos! 

Para reparar os danos, depois das águas passarem, desculpe-se, procure um médico, um amigo, quem tiver que ser, se aprume e prepare-se. Sempre desabarão novas tempestades. 

Com a lição aprendida, poderemos reduzir a formação, amenizar a força e controlar os danos das próximas. 

Alda M S Santos 

Entre isso e aquilo

ENTRE ISSO E AQUILO

Fomos concebidos de uma escolha, nascemos de uma escolha, vivemos sob o jugo de nossas escolhas. 

O tão falado livre-arbítrio, decisões de nossas mentes, nossos corações, com implicações diretas em nossas almas. E, muitas vezes, nas vidas de todos que nos cercam. 

Trabalhar ou descansar, estudar ou divertir, casar ou ficar solteiro…

Todo o tempo fazemos escolhas, até mesmo sem perceber. Umas mais leves, outras mais duras, sérias, pesadas, dolorosas. 

E o peso delas será sentido. Sempre.

Quantas vezes queremos, ansiamos, pedimos pra voltar atrás, ter nova chance, nova oportunidade? 

Essa é uma escolha que não temos. Além dela, só a derradeira.

A vida caminha sempre pra frente. Independente do que deixamos para trás. 

Onde temos poder é no hoje, nas decisões do hoje, nas escolhas do agora. Mesmo que a gente não escolha, escolhemos por inércia. Deixando o barco rolar. 

Fácil? Não! Cecília Meireles já dizia há muito tempo no seu “Ou Isto ou Aquilo”: “Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!”

E, fazendo escolhas, entre erros e acertos, sorrisos e lágrimas, confiando no Pai, vamos seguindo por esse caminho que construímos passo a passo, pedra a pedra, flor a flor…

Até sermos chamados de volta para casa.

Alda M S Santos

Autoboicote

AUTOBOICOTE
Boicotar é sabotar, agir contra, repudiar, impedir de algo, desfavorecer, desacreditar. Não parece bom. E autoboicote? O que seria?
Imaginem fazer tudo isso consigo mesmo!
Considerar-se incapaz de várias coisas, ficar estacionado, não agir é uma delas. Falta de autoconfiança, medo de enfrentar o novo.
Toda vez que surge uma oportunidade de crescimento e, junto dela, a coragem para enfrentar o medo, vem aquele sentimento de derrota para impedir: o autoboicote.
Perde-se um emprego promissor, uma amizade nova, uma viagem espetacular, uma aquisição lucrativa, o amor dos sonhos.
Com isso, a capacidade de confiar no outro também vai embora.
O autoboicote não aparece de uma hora para a outra. Acumulam-se críticas, autocríticas, punições e frustrações que vão nos limitando, nos desacreditando de nós mesmos, mudando nossa essência.
Pode advir de pais repressivos demais, professores severos, críticos e sem ética, amigos cruéis, um namorado infiel, um chefe autoritário.
As críticas vão se acumulando em nós, os fracassos também. E forma-se um círculo vicioso. Quanto mais fracassos, mais autoboicote. Quanto mais autoboicote, mais fracassos.
A autoconfiança atrai sucesso. Sucesso gera mais autoconfiança. Uma pessoa autoconfiante costuma atrair críticas positivas, pois sabe se autopromover. A pessoa que se autosabota perde essa chance. Ao não acreditar em si mesma, não conquista créditos de ninguém.
Algumas vezes aparecem pessoas que se aproximam, passam a conhecer o potencial de quem se autoboicota, tentam ajudar, mostrar do que o outro é capaz.
Assim, começam a sair da casca, a lustrá-la, a brilhar.
Todos temos momentos de autoboicote. Achamos que estamos nos preservando. Mas acabamos por cair na real e ver que estamos apenas tirando oportunidades de crescer e de ser feliz. Algumas vezes é normal, passa. Porém, não podemos deixar que isso tome conta de nós, que se torne patológico.
A cada vez que dermos desculpas demais para nós mesmos para não tentar algo, é hora de perguntar: o que disso tudo é verdadeiro? Não estou me autoboicotando?
Henry Ford dizia: “Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.”
Isso é o poder da mente sobre nosso corpo, nosso coração, nossas ações.
Nessas horas de autoboicote, o melhor a fazer é conversar com um amigo, alguém que nos ame, que nos jogue para cima. É o primeiro passo. Os outros logo virão.
Alda M S Santos

Frankenstein do amor

FRANKENSTEIN DO AMOR
Temos a tendência a buscar no outro algo que não somos nem nunca seremos: a perfeição.
Quantas vezes olhamos para o outro, tão próximo de nós, e lamentamos seus defeitos, ao menos aos nossos olhos, e desejamos que ele fosse diferente?
Ah, se ele tivesse a beleza do fulano, a simpatia do beltrano, a inteligência do sicrano?
Criticamos seu jeito expansivo de ser ou relaxado de se vestir. Lamentamos que não seja tão educado ou tão culto, ou ainda que não seja tão carinhoso ou apaixonado. Que não tenha bom humor ou sex appeal o bastante, ou mesmo que não seja habilidoso socialmente ou exímio administrador.
Muitos podem ser os defeitos que iremos encontrar no outro. Quanto mais tempo juntos, mais deles notaremos.
Essa nossa tendência em montar alguém ao nosso gosto, nosso Frankenstein amoroso, é perigosa e contraproducente.
Primeiro, porque é impossível de se conseguir. E se conseguirmos, não durará muito tempo.
Segundo, porque seria artificial. Por pior que seja o original, ele é melhor que o artificial. Alguém tão perfeito não existe! Caso existisse, não estaria conosco, a julgar por nossas imperfeições.
Isso não quer dizer que não queiramos “melhorar” um pouquinho o outro, ou melhorarmos para o outro que amamos. Isso é saber se relacionar. Para isso existem os relacionamentos. Para crescermos, sermos mais e melhores, evoluirmos em todos os aspectos: físicos, emocionais, mentais, comportamentais.
O tempo, nesse caso, pode ser benéfico. Aprendemos a aceitar o jeito de ser do outro e a amá-lo apesar disso, ou até por causa disso.
Quando olharmos para o outro com olhar tão crítico, querendo montar nosso Frankenstein, que tal nos perguntarmos se ele também não gostaria de fazer o mesmo conosco? Aceitaríamos?
Penso que quanto mais simples, mais natural, menos montado, mais bonito. A natureza nos mostra isso.
Só para constar, o monstro Frankenstein foi muito infeliz e não fez feliz seu criador.
E viva nossas imperfeições!
Alda M S Santos

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