NÃO HÁ PAZ!
Eu escolho o lado da paz
Não a conquistada às custas alheias
De tantas guerras duras travadas
De tantas dores e lágrimas jorradas
Se o topo em que me instalo
É feito dos escombros dos outros
Eu declino!
Não há paz que se sustente
Sob a morte dos inocentes!
Alda M S Santos
DERROTAS
O grito é a derrota da temperança
O egoísmo é a derrota da benevolência
A intolerância é a derrota da empatia e bondade
A guerra é a derrota da humanidade!
Somente o amor pode ser a vitória
De uma humanidade que se perdeu
Entre tantos medos e inglórias!
Alda M S Santos
PERDEDORES
O que aplaudimos diz muito de nós
O que aprovamos fala de nossa evolução
O que defendemos mostra nosso caráter
Numa guerra só há perdedores
A guerra em si já é nossa ruína
A derrota de todos nós como seres humanos
O caminho do colapso da humanidade
Alda M S Santos
A GUERRA COMECA DENTRO DA GENTE!
A guerra começa dentro da gente
Lá que ela é trabalhada e desperta como vulcão
É dentro de nós que a alimentamos
A guerra é nutrida quando sufocamos dores
É abastecida quando ignoramos a compaixão
É fortalecida quando nos sentimos superiores e maiores
É enaltecida quando vemos só direitos
Deveres só os outros têm para conosco
Guerra é lentamente produzida na alma carente
De um olhar mais humano para toda a gente
Guerra não brota de uma hora para outra
Sejam as nacionais, mundiais, familiares ou individuais
Se olhar a intensa atividade interna desse vulcão
Se puxar a ponta desse iceberg
Uma avalanche quase impossível de se reverter
Vem à tona, nos faz desumanos irracionais
Toda guerra começa dentro de cada um de nós
Ao alimentarmos ou ignorarmos sentimentos ruins
Não nos percebermos como seres afins
Independentemente das diferenças que temos
Mas a paz também começa dentro de nós
Ao compartilharmos e dividirmos o bem e a solidariedade
Conseguimos identificar qual estamos cultivando?
A paz traz alegria e extremo bem-estar
A guerra traz angústia, peso, dor, destruição
Qual você tem alimentado?
Alda M S Santos
COLAPSO
Entramos em colapso quando:
Territórios valem mais que pessoas
Religião vale mais que pessoas
Dinheiro vale mais que pessoas
Poder vale mais que pessoas
Armas são argumentos entre pessoas…
Urge resgatar tantas pessoas perdidas
Presas em seus egos inflados
Em seus valores inválidos
Em seus corações machucados
A humanidade grita por socorro
Entre tantos berros calados e ignorados
A vida já foi deixada de lado…
Alda M S Santos
BEM OU MAL?
O viver por um fio
A vida como grande desafio
A morte batendo à porta
Por vezes arromba, não suporta
À espera de que o sol volte a brilhar
Que a guerra possa logo cessar…
Fugas, esconderijos, falsa proteção
Tanta gente nessa louca escuridão
Humanos que já não se reconhecem como tal
Debaixo de mísseis, foguetes em seu “quintal”
Judeus, Muçulmanos, Cristãos, cidadãos…
Professam sua fé em Deus, na Criação
Fé vira fanatismo a partir de que ponto?
Urge equilíbrio para fazer o contraponto!
Qual a linha tênue a separar homem e animal
Razão, coração, política, religião, bem e mal?
Alda M S Santos
OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE …
E DEIXAMOS DE SER GENTE…
Olho por olho, dente por dente
Armas letais, guerras, pessoas decadentes!
Quando se imagina as atrocidades
Que são capazes oa humanos destruindo a integridade
Só se pode pensar que perdemos nossa humanidade…
Até a guerra, um crime em si mesma
Tem os chamados crimes de guerra:
Sequestro, reféns, corte de serviços básicos
Limitação do acesso a atendimentos de emergência
Torturas, abusos sexuais, estupros
Ataques a civis e pessoas inocentes…
Ano 2023 depois de Cristo e o que aprendemos?
A agir contra nosso irmão, a matar de forma cruel
A guerrear para garantir o mínimo de integridade
Quando já se perdeu quase tudo, a liberdade…
Estamos nos exterminando pouco a pouco
E nessa medida tão louca e medieval
Do olho por olho, dente por dente
Estamos aos poucos deixando de ser gente…
Alda M S Santos
NO AMOR E NA GUERRA
No amor e na guerra vale tudo
Afirma a “sabedoria” popular
Uma vez que “tudo” pode não ser bom
Não dá para nisso se fiar…
Na guerra é disputa por territórios
Petróleo, religião ou pedaço de pão
No amor é “disputa” também por território
Espaço dentro da alma, do carinho, da emoção
Por um cantinho especial no coração…
Na guerra sempre há perdedores
Ainda que alguém pense ter vencido
No amor só há vencedores
Ainda que alguém pense ter perdido…
Não, no amor e na guerra não vale tudo…
Só vale aquilo que sejamos capazes de carregar
No bolso, na mente ou no coração
Na “derrota” ou na “vitória” …
Alda M S Santos
EU VERSUS EU
As grandes batalhas da vida
Não são aquelas lutadas lá fora
As maiores batalhas do existir
São aquelas travadas no front de nosso interior
As vezes em que não eliminamos nossos monstros
Por medo, covardia ou compaixão
As vezes em que não neutralizamos um mal
Dando tempo para ele crescer e se fortalecer
E voltar a nos atingir em cheio
As vezes em que nos escondemos atrás de barricadas
Sabendo bem qual era nosso calcanhar de Aquiles
As vezes em que demos munição para “adversários” já conhecidos
E não usamos as armas que sabemos que seriam as mais potentes
Não importa se o oponente é um mal físico, mental, psicológico ou emocional
Uma doença crônica, um diabetes, uma dificuldade com números ou de expressão de sentimentos
Problemas de autoestima, ciúme, confiança ou bondade excessiva
Ou aquela pessoa a quem “damos” o poder de nos irritar ou fragilizar
E ficamos expostos nas trincheiras, de peito aberto
Ferida aberta, reaberta, sangrando
Nosso oponente sempre está em nós mesmos
Só nós podemos deixá-lo nos atingir
Só nós podemos enfrentá-lo
Uma batalha já é perdida ou ganha em nosso interior
Aqui fora é só um detalhe a mais
Muitos campos abertos aos quais nos expomos sem necessidade
Viemos para essa “guerra” para vencer nossos próprios “inimigos”
Sermos melhores a cada dia
Evitando sermos atingidos por fogo “amigo”
Ou atingindo adversários imaginários
Como sabemos se estamos vencendo?
Quando estamos bem conosco mesmos, em paz física e emocionalmente
E com aqueles que nos cercam
É sinal que estamos vencendo
Mas essa é uma batalha que só termina quando somos chamados de volta para casa
Para nosso território de origem…
Como estamos nos saindo em nossas guerras particulares?
Alda M S Santos
O BOM SOLDADO
“O bom soldado não deixa seus feridos para trás”
Independente se está ou não em risco
Se se preocupar apenas com a própria integridade física
Ainda que com vários danos emocionais comuns nas “guerras”
Se seguir em frente sem socorrer aquele ferido que lutou a mesma batalha
Deixando-o à própria sorte, visando salvar apenas a própria pele
Atitude essa que denota falta de caráter, de hombridade
Ausência de humanidade, compaixão e amor
Quem abandona um ferido em “guerra”
Não é apto para as batalhas da vida
Não terá forças emocionais para seguir em frente
Sentirá sempre na alma o peso daquele ferido que poderia ter carregado nos ombros
Nunca será um “vitorioso” de verdade
Estamos todos numa “guerra fria”
Soldados vários lutando por espaço, por pão, por água, por diversão
Por emprego, por amizade, por amor…
Nessa disputa, um que se perde, um que é deixado para trás
Afeta toda a humanidade contida em cada um de nós…
Somos todos soldados de um grande exército escolhidos para estar aqui
Desviando dos obstáculos, caminhando nessas trincheiras, curando feridas
O que diremos quando formos questionados onde está aquele irmão que deixamos para trás
Machucado por nós, pelo “inimigo”, ou por si mesmos
E sequer percebemos que estava ferido tão perto de nós?
Sairemos todos vitoriosos quando percebermos que, ao abandonar seus feridos
Um exército não chega mais rápido e mais honradamente em casa…
Alda M S Santos
FOGO AMIGO
Numa guerra, fogo amigo é ser atingido por aliados.
Certamente, nunca proposital, ou não seriam aliados.
Nas guerras cotidianas, recebemos muito fogo amigo.
Pode ser despreparo, boa pontaria, proposital…
Fogo sempre dói, pode matar, não importa de onde venha.
Ao sermos atingidos, nem sempre conseguiremos avaliar a intenção do atirador.
Primeiro nos concentramos em nossa dor, em nossos ferimentos,
Só depois nos preocuparemos de onde vieram os projéteis e o porquê.
Ao “atirarmos” devemos sempre saber se o alvo é mesmo aquele,
Se a munição não atingirá órgãos vitais, se o fogo não é forte demais.
Bom mesmo é atirar amor, qualquer alvo é bom, amigo ou inimigo,
Nunca mata, sempre traz vida nova, e vida boa!
Alda M S Santos
EM GUERRA
Nosso mundo em constantes guerras:
Religiosas, raciais, culturais, territoriais…
De um povo contra o outro, de uma nação contra a outra,
De uma alma contra a outra.
De uma alma contra seu habitat: o próprio corpo.
Esta, subestimada, a mais duradoura e terrível.
Aquela em que apenas nós mesmos
Poderemos levantar a bandeira branca.
Alda M S Santos
ABRIR MÃO
Desde pequenos, somos ensinados a lutar pelo que queremos
Mas pouco nos ensinam a abrir mão, a desistir, a deixar pra lá.
Nossa natureza é, quase sempre, lutadora, guerreira.
Porém, isso não elimina a necessidade de aprendermos a abrir mão.
Em retrospecto, podemos calcular quantas vezes, ao longo da vida,
Tivemos que lutar bravamente após várias quedas ou quase nocautes,
E outras, em que fomos obrigados pelas circunstâncias a abrir mão do que queríamos.
Sabemos que recuar, dar um passo atrás, pode ser um modo de reabastecer as energias.
Dar uma trégua, reavaliar estratégias ou planos de combate faz parte de toda luta.
Guerreiros natos afirmam que é preciso perder uma batalha para ganhar a guerra.
Ou que em toda luta alguns soldados acabam por ser sacrificados.
Porém, atrás de uma barricada segura, precisamos saber quais combates vale a luta.
Muitas estratégias boas vão para o brejo por causa de táticas mal aplicadas ou de soldados mal preparados.
Saber a hora de desistir é tão importante quanto a hora de prosseguir.
Abrir mão de uma conquista de território, de espaço ou de qualquer bem precioso,
Exige muita perspicácia, intuição, treino, sabedoria e abnegação.
Voltar para o quartel, para a base de controle, pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Duas questões se fazem necessárias: Pelo que temos lutado? Do que temos abrido mão?
A primeira delas deve ter um número maior de itens.
A segunda não deve causar tanta dor, sob pena de voltar pra linha de combate.
Alda M S Santos