ENTRE SORRISOS E LÁGRIMAS

 Sorrisos são superestimados.

 Lágrimas são subestimadas.

Explico: Tantas vezes ouvimos pessoas encantadas com sorrisos. Sorrisos são unanimidade, todos gostam, todos valorizam, todos querem dar e receber. Expressam alegria, satisfação, amor, prazer. Sorrir faz bem pro coração, pra pele, pra alma. Nossa e dos outros. Desde um leve puxar de lábios, o sorrir com os olhos, até uma gargalhada. Quem sorri mais, atrai mais pessoas. Aparenta viver mais e melhor, ser feliz.

E as lágrimas? Quando são derramadas?

Os motivos podem ser os mais variados: dor física, exaustão, superação, vitória, derrota, alegria, tristeza, frustração, expectativa, ansiedade, revolta, raiva, injustiça, vergonha. Por si mesmos, pelo outro.

Que as lágrimas sejam derramadas quando sentimos dor, raiva, tristeza, frustração, impotência, vergonha, entendemos. Lágrima está quase sempre associada a algo ruim. As mais dolorosas são aquelas que nos deixam impotentes perante a dor daqueles que amamos, pelos quais daríamos parte de nós, ou nossa vida, para que ficassem bem.  Essas lágrimas todos entendem. O melhor jeito é abraçar, dar colo, palavras de incentivo, orar, chorar junto e aguardá-las passar.

Mas, e quando as vertemos, sem controle, num casamento, no nascimento de um filho, na formatura, ao tirar carteira de motorista,  passar no vestibular,  fazer uma oração, ou ao ouvir uma declaração de amor?

Simples: só o que atinge fundo a emoção gera lágrimas. Ou seja, quanto mais lágrimas tivermos derramado nessa vida, mais intensa em emoções ela terá sido. Não devemos desvalorizá-las ou dispensá-las. Devemos recebê-las, “curti-las”. A cada torrente de lágrimas, quase sempre algo novo e bonito surgirá. Penso que Deus as permite para limpar e irrigar o terreno, para que possamos receber as novas bênçãos.

Valorizemos, sim, o sorriso sem, contudo, desvalorizarmos as lágrimas. Assim, em breve, será possível surgir um belo sorriso, daqueles que todos amamos.

Alda M S Santos