A GRANDE BATALHA
A briga maior não é externa
A batalha gigante a se travar é interna
É guerra para ajeitar os próprios valores
É luta para não se deixar dominar por pavores
Cuidado para se preservar das dores
Tudo está sendo remexido, questionado
É preciso estar na paz, esse é o lado
Ainda que precisemos de inúmeras armas
Bondade, caridade, fraternidade
Amor e empatia devem ser nossa verdade!
Alda M S Santos
O GRITO QUE NÃO SE CALA
Há em nós um grito que não se cala
Um grito que luta contra tudo de mau e errado que há por aí
Mesmo que seja um grito sem barulho
Um grito feito de silêncio, de lágrimas ou de sorrisos
O grito feito de abraços, de acalento, de amparo
O grito feito de mãos estendidas
O grito feito de colo, de compreensão, de gratidão
O grito que não se esconde na covardia
O grito que não se esconde na saudade de tempos idos
O grito que não se esconde na saudade de tempos que não vieram
Mas um grito!
Um grito que impulsiona e não se cala
Um grito que se lança na frente para proteger familiares, amigos ou qualquer necessitado
Um grito que não aceita fazer ou ser o mal
Um grito que se expõe na defesa do outro
Num mundo tão individualista e desumano
Sejamos o grito que falta!
Alda M S Santos
TÔ INDO…
– Como você está?
– Tô indo…
– Indo? Pra onde? Como?
– Seguindo em frente, no caminho que se apresenta.
Quem pergunta nem sempre quer saber
Quem responde nem sempre quer responder…
Outras vezes quem pergunta sabe bem a resposta
Quer apenas confirmação do imaginado
Quem responde prefere não abrir porteira de problemas,
Não quer incomodar…
“Tô indo“ muitas vezes é resignação
Aceitação do equilíbrio necessário entre escolhas e consequências
Entre vitórias e derrotas, lágrimas e sorrisos
“Tô indo” pode ser demonstração de luta e força
De não entrega, de resistência à tristeza dos dias nublados
Por saber que o sol tem força para surgir entre nuvens
Aquecer, deixar nascer e crescer brotos de esperança e paz…
“Tô indo, e você?”
Alda M S Santos
NO AMOR E NA GUERRA VALE TUDO?
“No amor e na guerra vale tudo”- diz o provérbio português
Equiparam ambos, amor e guerra, a uma questão de sobrevivência, terminal
Em que não há leis ou limites e tudo é permitido e aceito para a “vitória”
Tudo se resume ao que se dá conta de carregar pós conquista ou vitória
Que tipo de vida se quer de verdade?
Há vitórias e conquistas honradas
Mas há outras que trazem vergonha e decepção
Tendo vencido na guerra ou conquistado o amor, o que fica?
Conseguiremos lidar com o que restou?
Há vida ou sobrevivência pior que a morte…
Uma vitória, na guerra ou no amor, que fere nossa essência humana
Que “mata” o outro, no outro, o que ele tem de mais humano
Que nos descaracteriza como pessoas, filhos de Deus, não vale a pena
Há derrotas mais valiosas que vitórias
Bem menos pesadas de se carregar
Bem mais humanas, dignas de honra e orgulho
Aquelas pelas quais não nos envergonhamos
E encaramos o espelho sem medo ou fuga
Seguindo o caminho sem o peso de ter vendido a própria alma
“Perdi a guerra, perdi o amor, mas não minha consciência”
Não perder-se de si mesmo é a verdadeira vitória!
Alda M S Santos
CRISE: O GIGANTE ESTÁ ACORDANDO?
Crises servem para nos ensinar algo, melhorar, evoluir.
A greve dos caminhoneiros tem servido para lembrar aos desavisados o quanto somos dependentes uns dos outros.
Não há como dizer que isso não nos diz respeito!
“Não tenho caminhão, sequer carro, não uso combustível”!
Caminhões parados fecham estradas, impedem entrega de produtos essenciais à vida.
Falta combustível nos postos, pessoas não podem ir trabalhar.
Não há entrega de gêneros alimentícios, medicamentos.
A água não pode ser tratada por falta de produtos químicos.
Escolas param, hospitais têm atendimento mais precário que o “normal”.
Parece que todos enlouquecem: querem estocar o que conseguem.
A lei da oferta e procura eleva preços de tudo. Surgem os aproveitadores.
E o brasileiro, cansado de tantos abusos, aceita a falta, apoia os caminhoneiros.
O povo se vê representado nessa “rebeldia”.
Será que o gigante está acordando?
Quantas perdas serão necessárias para começarmos a ganhar?
Quantas “baixas” podem ser consideradas perdas de guerra?
Até que ponto será preciso destruir para reconstruir?
A história não é passado, aquela escrita nos livros apenas.
A história está sendo construída por todos!
Luta, garra, fé e sabedoria é o que precisamos!
Gigante acorda faminto e meio atrapalhado.
É preciso cuidar para não morrer ou matar!
E que Deus nos abençoe!
Alda M S Santos
MEDOS
Medo do escuro, medo do desconhecido, medo de água
Medo de perder a luta, medo de perder-se
Medo de sofrer, medo de causar sofrimento
Medo de perder tudo que valha ter medo da perda
Medo de tornar-se indiferente a qualquer medo
Medo de não mais saber o que valorizar
Medos que movem ou que travam a humanidade
Medos que são usados e abusados
Por aqueles que não têm medo
Por aqueles que já não têm nada de valioso a perder
Ou por não saberem o que tem real valor
Medos todos temos,
Mas escolhemos quais nos mover quais nos paralisar…
Alda M S Santos
DEIXANDO BROTAR
De onde menos se espera surgem grandes coisas, improváveis…
Num corpo frágil e pequeno está o coração mais solidário e altruísta que existe: Madre Teresa de Calcutá.
De uma simples ostra surge uma peça dura, resistente e linda como a pérola.
Das mãos defeituosas de Aleijadinho surgiram as mais lindas obras e esculturas de imagens Cristãs.
Mesmo com sua surdez, Beethoven criou maravilhas musicais.
De mentes “débeis” na infância surgiram gênios, o maior físico existente: Einstein.
O maior genocida de todos os tempos: Hitler.
Da “guerra ” sem violência surgiu a luta pela desigualdade racial de Martin Luther King, Nobel da Paz.
De uma simples manjedoura surgiu o Salvador do Mundo: Jesus.
Muitas são as histórias de luta, superação, vitórias e solidariedade pós decepções e limitações.
De toda dor, de toda lágrima, de toda dificuldade, de todo problema,
Algo sempre irá brotar, irá renascer, irá crescer.
Bom ou ruim, produtivo ou não…
Somos nós que decidimos o que fazer com elas.
Cuidemos do que andamos regando em nossas mentes, em nossos corações,
Plantando em nossa alma…
Alda M S Santos
O MUNDO NÃO PARA
O mundo não para porque eu sinto-me parada.
O ônibus segue seu caminho, mesmo que eu desça.
O Sol continua a brilhar, mesmo que eu não veja.
As rosas continuam a perfumar, ainda que eu não sinta.
A alegria continua a existir, mesmo que ao meu redor.
O jogo continua, mesmo que eu não esteja em campo.
Os amigos continuam a existir, mesmo longe de mim.
O carinho continua nos outros, mesmo que eu o dispense.
Deus continua aqui, ainda que o ignore.
O mundo não para porque eu estacionei.
Minha apatia não cessa a roda da vida. Paralisa apenas meu viver.
A vida segue seu rumo com quem tem coragem para acompanhá-la.
Uns vão arrastados, outros ficam.
Aqueles que caíram, independente dos observadores, limpam os joelhos, ou coração esfolados, e retomam a caminhada. Tal qual criança que volta para a corda que continuou a bater e ignorou seu tombo. Insegura, olha para o alto, observa seu vai-e-vem, levanta as mãos, avalia, se prepara e volta a pular.
Com coragem pula até cem!
Alda M S Santos
QUERO OS DEDOS E OS ANÉIS
Tantas vezes fomos treinados na técnica da compensação, da conformação, da aceitação.
Não sou tão competente, mas sou responsável.
Não tenho o emprego dos sonhos, mas conformo-me com o que consegui.
Não tenho inteligência bastante, nem adianta estudar, fico assim mesmo.
Não tenho quem amo, mas aceito aquele que me ama.
Não sou feliz, mas vivo alguns momentos felizes.
Tudo bem! Todos nós precisamos saber lidar com as frustrações. Muitas vezes não teremos tudo que queremos. Nossas vontades não são soberanas.
Porém, aceitar o imutável é uma coisa, nem tentar mudar é outra.
Precisamos buscar, lutar, acreditar naquilo que queremos, que nos fará mais felizes, nos tornará um ser humano melhor. E aceitar ajuda é parte do processo. Deus não nos fez solitários!
O risco de quem se conforma com a falta dos “anéis” é culpar quem os conseguiu e tornar-se amargo.
Façamos assim: se os “anéis” foram perdidos, devemos valorizar os “dedos” que ficaram, sim, mas buscar, na medida do possível, novos anéis, e não apenas se conformar com sua falta.
Deus nos criou para sermos felizes. Buscar o que pode proporcionar tal felicidade é parte do processo, portanto:
Eu quero os dedos e os anéis! E é atrás deles que eu vou!
Alda M S Santos