E ELE ESPERAVA
Debaixo daquele dilúvio ele esperava
Olhos distantes, completamente encharcado por fora
Sozinho numa mesa de bar na calçada
Por dentro tudo parecia opaco, seco, sem vida
Um guarda-chuva ao lado esquecido
Que importava? Ele também estava esquecido por todos
Girava nas mãos o copo de pinga
Mexia-se apenas para pedir para enchê-lo novamente
Queria molhar-se tanto por dentro quanto por fora
E esperava…
Não se sabe pelo quê ou por quem
Se interpelado, sorria triste, com olhos vermelhos
“O mundo ainda acaba em água”…
Dias, semanas, meses e anos foram sedimentando a tristeza ali
Estava preso naquele calabouço “seguro”
Cuja fechadura só abria por dentro
Mas a chave tinha que vir de fora, da fé que não tinha mais em ninguém
Da fé em si mesmo afogada em mágoas
E mantinha sua vida parada no sinal vermelho daquela esquina…
E ele esperava…
Alda M S Santos
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