JOGA NO CHÃO

Tão velha, caindo aos pedaços

Paredes de adobe, ainda fortes

Telhado gasto, em ruínas, madeiras de sustentação abaladas

Assoalho rangendo, janelas caídas

Uma casa centenária, morada de muitos

Lar de uma família, muitas histórias

Quem vê de fora não nota as marcas que ela deixou nele

“Não compensa reformar, desperdício”

“Joga no chão e faz outra”

Mas ele não quer, afirma que ela está boa

Só refazer aqui, consertar ali…

Como jogar no chão uma história?

Seria o mesmo que jogar por terra o coração que está ali

Como se ao conservar a casa de pé

Estivesse conservando o amor que ali viveu

Respeitando a história que ainda vive dentro dele

Bom seria se não precisasse se preocupar com capital financeiro

Se o capital emocional fosse o bastante para mantê-la de pé

Conservá-la inteira, segura e habitável

Como o amor e o respeito pelos que ali viveram e se foram

E permanece inalterado dentro de si…

Ruínas… será?

Por dentro dele está tudo inteiro

Até que ponto o que está inteiro nele

Depende da sustentação dessa “casa velha”?

Ou o amor à sua história e aos antepassados que ali viveram

Depende exclusivamente de seu coração amoroso?

Alda M S Santos