PARE O MUNDO QUE EU QUERO DESCER
Pare esse mundo que eu quero descer!
Não quero tristezas, dor ou amargura
Não quero me sentir perdida na noite escura
Quero ter companhia, fazer companhia
Não quero sentir que tudo perdeu a magia
Quero ver de novo coisas lindas!
Quero a energia das crianças
As histórias das vovós
O abraço caloroso dos amigos
A compaixão e a bondade dos seres humanos
A paixão dos amantes
Quero sentir a alegria brotar de novo em mim
Quero levar o meu sorriso a quem dele precisar
Quero receber abraços de apertar
Não quero a ninguém magoar ou sufocar
Quero só poetizar e uma vida calma levar
Será pedir muito?
Pare esse mundo que eu quero descer…
Alda M S Santos
DORES
Ponho-me a observar uma borboleta que borboleteia feliz no jardim
Os pássaros que cantam em total diversão e voam dos galhos das árvores para o comedouro
Cachorros cochilando na varanda, ora correm, ora saltam, balançando o rabo, alegres e fiéis
Irracionais, parecem não ter qualquer tipo de dor ou angústia
Concluo que deve haver algo de muito sagrado nas dores humanas
Posto que não há humano que viva sem elas
Certamente é uma forma de “purificação” a que os animais estão isentos
Estamos sempre a lutar contra uma delas
As dores físicas, orgânicas, são inúmeras
As famosas cefalalgias e diversos tipos de “algias”
Aquelas que sabemos apontar onde dói e medicar
Há ainda as dores de tristeza, de angústia, de saudade, de desamor
Dores que ferem lá no fundo e não identificamos a origem
Dores psicológicas, mentais, emocionais, existenciais
Aquelas que o médico não encontra no RX ou na tomografia
As mesmas que a maioria das pessoas olha e diz
“Fulano é feliz, não tem problemas, sempre sorrindo”…
Há ainda as dores do outro que carregamos como nossas
São do outro, mas ele está tão dentro da gente,
Que dói em nós também…
Por essa perspectiva, se tudo que dói em nós
Dói naqueles que nos amam
Dá pra calcular o sofrimento de Jesus
Ao sofrer com nossas dores
Particularmente aquelas autoinflingidas, que nós mesmos buscamos
Por desconhecimento, ignorância, descuido, ou autoflagelo…
Sei lá!
Mas que às vezes dá vontade de ser uma borboleta
Ah, isso dá!
Alda M S Santos