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tragédia

Sonhos queimados

SONHOS QUEIMADOS

“Quem não sonhou ser um jogador de futebol”?

Uma habilidade, um dom especial, um sonho

Os pés tão hábeis com a bola,

E um coração recheado de esperanças

Num novo lugar, novas pessoas, novos amigos

Juventude, futebol, alegria, Flamengo, sacrifícios

“Posso morrer pelo meu time

Se ele perder, que dor, imenso crime”

Longe da família, investindo num sonho:

Ser um jogador famoso, ganhar dinheiro

Ajudar familiares, ser feliz…

Onde estava o erro disso?

Sonhos queimados tão precocemente

Viraram cinzas as esperanças

Dez adolescentes com vidas interrompidas sob fogo

“Bola na área sem ninguém pra cabecear

Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”

Canto, de luto, muda, com Skank…

Hoje é triste uma partida de futebol

Tantas dores, tantas tragédias, luto

Parem o mundo que eu quero descer!

Alda M S Santos

Foto G1

#flamengo #skank #ninhodourubu

Tributo a Brumadinho: lama ou flores?

TRIBUTO A BRUMADINHO: LAMA OU FLORES?

Cada um dá o que tem, aquilo que dispõe

Se o que recebemos foi dor

Façamos uma oração a quem sabe de todas as coisas

Se o que recebemos foi lama

Joguemos pétalas de rosas

Se o coração apertar e as lágrimas brotarem incessantemente

Deixemos rolar…

Elas lavam o caminho para o novo nascer

Desintoxicam…

Ainda que machuque, mesmo que demore

O que é bom, verdadeiro, que vem da alma

Sempre encontra uma área fértil em meio à destruição

Para renascer…

Isso vale para flores, para sentimentos, para pessoas

O amor não morre em meio a tanta dor

E essa vida, lama nenhuma tira ou mata

Vão em paz, fiquemos em paz…

Que cada um de vocês que permanece aqui em nossos corações

Brotem lindos e viçosos onde não há mais qualquer dor…

Alda M S Santos

Fotos Band, G1 e R7

Luto, por isso luto

LUTO, POR ISSO LUTO

Luto, só temos visto isso

Tristeza, dor, corpos levados em redes, dependurados nos helicópteros

Lágrimas e mais lágrimas, revolta, injustiça, impunidade

Tragédia de Brumadinho…

Números!

Desaparecidos, mortos, identificados ou não

Vítimas que se foram, morreram

Vítimas que ficaram, sentindo-se morrer por dentro

Histórias…

Quais as mais sofridas?

Pessoas que puderam se falar pouco antes

Ou se despedir, mesmo sem saber

Outras que não tiveram chance…

Quantas estavam brigadas, chateadas?

Quantas não se falavam direito, não se davam o devido valor?

Quantos arrependimentos, distanciamentos?

O que mais aperta o coração de quem se foi?

O tempo desperdiçado, não aproveitado?

E de quem ficou?

E quem foi salvo da tragédia por motivos simples?

E as que deveriam estar lá e não estavam?

Qual o alerta deixado para todos nós?

A vida é fugaz!

Não tem data e hora para acabar!

Vamos viver de maneira justa e honesta,

O mais intensamente que pudermos,

Fazendo sempre o bem, sem tirar nada de ninguém,

Agradecer aqueles que estão conosco, curti-los, amá-los

A morte não teve critério algum

Levou gente de toda classe, idade, gênero, bichos, natureza…

Enquanto não chega nossa hora

Independente do luto, devemos lutar e seguir…

Mesmo doendo…

Em luto por todos eles, pela humanidade tão perdida

Por isso eu luto todo o tempo…

E espero que possa chegar do outro lado

Sem muitas dívidas a pagar ou do que me envergonhar…

Alda M S Santos

(Fotos: Adriano Machado/Reuters)

Que não doa tanto ser gente

QUE NÃO DOA TANTO SER GENTE

Algo errado, muito errado, desumano

Que acaba por acionar angústias e tristezas represadas em nós

Nossas comportas também se rompem

Sensação de não pertencimento a esse lugar

Desvalorização da vida, dos sentimentos, das conquistas

Vidas hierarquizadas, sem critério algum

Saudades de outros tempos, de outras pessoas

De uma época em que sabíamos valer algo

Talvez nem valêssemos, mas não percebíamos assim

A ignorância dos fatos é, muitas vezes, uma bênção

Pessoas lançadas umas contra as outras

Por questões políticas, religiosas, sociais, financeiras

Não se sabe mais ao certo o que é importante

Uma barragem se rompe lá e estoura algo aqui dentro da gente

Saudades…

Saudades de um tempo bom

Em que não éramos apenas números

Uma imagem embaçada na memória, um retrato na estante

Ou do que éramos noutro tempo

Quando não matávamos tudo, até sentimentos

Esse tempo existiu mesmo?

Quero um mundo novo, mais humano

Quero um lugar novo, onde não doa tanto ser gente

Quero ir embora daqui

Quero reencontrar a esperança e a capacidade de sonhar

E afastar o pesadelo da realidade…

Alda M S Santos

Também somos responsáveis

TAMBÉM SOMOS RESPONSÁVEIS

Quando não ouvimos os gritos que imploram por socorro

Também somos responsáveis

Quando não entendemos o olhar que nos implora atenção

Também somos responsáveis

Quando nos calamos diante do silêncio sugestivo e de alerta

Também somos responsáveis

Quando ignoramos um pedido de perdão

Também somos responsáveis

Quando fechamos os olhos para a escuridão que se avizinha

Também somos responsáveis

Quando usufruímos do objeto/produto que possa causar dor ao outro

Também somos responsáveis

Quando não gritamos, não entendemos, não agimos

Quando somos tomados pelo comodismo e pela inércia

Também somos responsáveis

Não importa de onde venha a lama ou a tragédia

Ou de onde os escombros caiam

Se ocorre no trabalho, na igreja, na vizinhança

Em nosso próprio lar ou dentro de nós mesmos

Somos, no mínimo, corresponsáveis

Que cada qual possa assumir sua cota de culpa

E mudar…

Alda M S Santos

Intolerância e barbárie

INTOLERÂNCIA E BARBÁRIE

Não existe crueldade maior do que aquela que se cobre com manto religioso

Aquela que se vale do “interpretado” do Sagrado para justificar barbáries

Para esconder, até de si mesmo, suas próprias misérias e mazelas, humanas ou desumanas

As guerras religiosas ou “santas” estão aí há mais de vinte séculos

Matando em nome de Deus, lavando as mãos em nome do Pai

Assumindo incapacidade de ações finalizadoras do caos,

A inércia, imperícia e inoperância humana apoiando-se numa “ordem divina”

Não mata o outro apenas quem puxa o gatilho, lança bombas ou mísseis

Também é corresponsável aquele que não impede, tendo poder para tanto,

Ou que justifica a maldade valendo-se de textos Sagrados mal interpretados

Escondendo-se no véu da hipocrisia, da pureza e perfeição inexistentes

O mesmo se aplica à morte diária que permitimos ao nosso lado

Quando não estendemos a mão para ajudar “pecadores”, como se fôssemos puros ou perfeitos

Ou quando expulsamos ou excluímos de nosso meio quem necessita de ajuda

Ele foi “embora” há mais de 2000 anos

Mas deixou seu legado de amor que ainda precisamos aprender todos os dias

Jesus nunca excluiu ninguém! Nunca ordenou ou permitiu qualquer morte ou excomunhão!

Ao contrário, Suas lições foram sempre baseadas no amor e no perdão.

Não podemos fazer nada contra essa guerra? Façamos em nossas guerras particulares!

Se quisermos encontrá-Lo, não será nos templos de pedra que estará

Mas nos corações sofridos e renegados nesse mundo de barbáries (des)humanas!

Alda M S Santos

Adormecido

ADORMECIDO

Quando algo começa a adormecer dentro da gente

Surge alguma coisa para nos despertar da “letargia”

Um homem qualquer de capuz na rua

Uma mulher assassinada ao oferecer carona na rodovia

Uma notícia qualquer de violência e atrocidades

Um pesadelo sobre assaltos, estupros e morte.

Coisas que fazem reviver sensações de terror.

Mais tempo ainda torna-se necessário para adormecer

E fazer a sensação ruim ser jogada fora

Ou empurrada para o fundo e nunca mais sair…

Alda M S Santos

Tragédia em Janaúba

TRAGÉDIA EM JANAÚBA

Além da dor daqueles que perderam um familiar,

Criancinhas inocentes num lugar que deveria ser seguro

Tendo vidas ceifadas ou machucadas por alguém que deveria protegê-las,

Que talvez também fosse um doente sem ajuda,

Como tantos por aí escondidos atrás de sorrisos,

Dói ainda saber que nos hospitais que deveriam socorrê-las

Faltam itens básicos como Dipirona, luvas, seringas, agulhas e afins…

Num país com uma das maiores cargas tributárias do mundo!

Não há palavras para expressar tamanha revolta!

Que Deus olhe por todos nós!

Alda M S Santos

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