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poemas e reflexões da vida cotidiana

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Plenitude

Meu futuro é hoje

MEU FUTURO É HOJE!

Que a gente se prepare para a alfabetização, mas não deixe de brincar de roda.

Que a gente se prepare para o vestibular, mas não deixe de curtir os segredos entre amigos, os beijos roubados e hormônios fervilhantes! 

Que a gente se prepare para o casamento, mas saiba aproveitar as deliciosas loucuras do namoro. 

Que a gente se prepare para um bom emprego, mas que faça com amor o trabalho que nos couber.

Que a gente se prepare para constituir uma família, mas que não a perca se preparando.

Que a gente se prepare para a aposentadoria, sabendo usufruir de tudo que foi conquistado até aqui.

Que a gente se prepare para a velhice, vivendo…intensamente!

Sabendo ser jovem! 

Assim nos preparamos para a eternidade! 

O risco de uma vida de preparação é sempre se preparar…para algo que pode não vir.

E se esquecer de viver…

Preparemo-nos para o futuro, um futuro certo:

Preparemo-nos para hoje! 

Alda M S Santos

Quando o amor não é o bastante

QUANDO O AMOR NÃO É O BASTANTE

Quando vemos tantas pessoas que amam e, ainda assim, sofrem, podemos chegar a uma difícil conclusão: o amor é supervalorizado.

Vejamos uma mãe que luta dia após dia por um filho dependente químico, que o ama, acredita, investe, recomeça incansavelmente e, ainda assim, ele retorna ao vício, maltrata-a, maltrata-se. O amor dela se mantém, porém, nem sempre alcança seu objetivo.

O amor de um filho pelos pais que o ignoram, que não assumiram a função tão sublime recebida de Deus, deixando-os crescer à própria sorte. Mesmo assim, tantos filhos tentam, pelo amor, tirar os pais de vidas desregradas e infelizes.

Uma esposa que, independente dos adjetivos que receba de todos, insiste no amor ao marido que em nada a dignifica, que trai, que ofende física e psicologicamente, que não a completa, ou em nada ajuda relacionado aos filhos, ao lar ou à família.

Uma pessoa que trabalhe num asilo, que dedique seus dias a dar amor, atenção, carinho, e só vê simples rasgos de brilho naqueles olhos cansados e nebulosos pela tristeza do abandono.

Finalmente, talvez o maior de todos, alguém que ame outro alguém, romanticamente, e espera que esse amor seja o bastante para fazê-los estar juntos, porém, não é o que acontece. Muitas vezes não há reciprocidade, noutras há empecilhos diversos que impedem a aproximação. Tantas vezes o momento não é o adequado, ou a distância, a saúde, as famílias, o trabalho…

Certo é que o que mais vemos, até mais que amores plenos, são amores frustrados. Será que isso acontece porque supervalorizamos o amor, ou porque esperamos que ele faça milagres?

Avaliando essas situações chego a três conclusões.

Primeiro, o amor não poderia resolver tudo sozinho. Não salva um filho das drogas, os pais da infelicidade, os idosos do abandono, a esposa amargurada ou os amantes frustrados.

Segundo, o amor faz, sim, muitos milagres. O filho drogado, os pais desregrados, os idosos abandonados, os amantes, todos estariam muito piores se não fosse o amor que recebem, sentem ou distribuem.

E terceiro, quem recebe amor é privilegiado, mas quem é capaz de senti-lo ou doá-lo é quem sai no lucro, verdadeiramente. Pode até não obter grandes resultados, pois depende de vários sentimentos que estão no outro, dos quais não tem controle, mas impede que a situação do outro seja ainda pior.

Há também muitos que se salvaram com o amor recebido; pais, filhos, cônjuges, idosos, amantes. O amor é incansável!

Jesus sempre pregou o amor acima de tudo. Sempre sofreu e deu o máximo do amor por nós: Sua Vida.

O amor que se doa sempre retorna em dobro. Coração que ama está sempre cheio, vivo, vibrante, ainda que seja de lágrimas ou saudades.

Supervalorizar o amor pode parecer ingênuo, porém, subestimar sua força e seu poder certamente não é muito inteligente!

Alda M S Santos

Mais no meu blog http://www.vidaintensavida.wordpress.com

Pessoas normais adoram a chuva

PESSOAS NORMAIS ADORAM A CHUVA

Desde criança quando digo que amo um dia de chuva ouço que não sou normal. Se completo que quanto mais barulhenta mais eu gosto, dizem que sou caso perdido.

Pequena, já gostava de andar na chuva, na enxurrada e de ouvir as goteiras nos baldes espalhados pela casa. Ficava no basculante da sala, nas pontas dos pés, vendo a água cair, as pessoas passarem correndo. Chegava ao colégio com as congas encharcadas e a alma lavada. Estava tudo perfeito.

Na juventude andava de motocicleta com chuva. Isso sim é liberdade! Os pingos queimavam no rosto!

Gosto de dormir com chuva, acordar, ir trabalhar, passear, assistir filme debaixo do edredom, ler, namorar… Tudo é melhor com chuva. Nadar também! As águas do mar, rio ou piscina ficam “quentinhas” quando chove.

Não sei exatamente o porquê dessa paixão! Nem considero os motivos óbvios de sobrevivência. Tampouco desconheço os malefícios das enchentes e alagamentos. Meu avô morreu eletrocutado por um raio numa noite de tempestade, dentro de casa. Sofremos com enchentes na infância e até hoje há riscos. Porém, isso não é a chuva que causa, mas o abuso, descuido e descaso dos homens.

A chuva potencializa em mim bons sentimentos. Fico mais terna, doce, romântica, mais apta a absorver e distribuir coisas boas por aí.

O cheiro de terra molhada, as gotas caindo nas poças d’água, os bichos procurando abrigo ou se esbaldando. A aparente fúria dos trovões e relâmpagos é um espetáculo a mais. Chuva leva à introspecção. Traz Deus pra mais perto. Tempo para repor energias mentais, reavaliar situações, sonhar, planejar…

Sou daquelas que já se alegram por antecipação com a previsão de chuva. Logo imagino um filme bem romântico com um lindo casal a dançar na chuva, um livro bom, uma música suave, um passeio de ônibus sentada na janela observando tudo. Mas nada, nada se compara ao prazer de caminhar na chuva, olhar para o céu e senti-la no rosto, encharcar-se, deixar escorrer água pelos cabelos, correr e pular feito criança levada. Quando a chuva passa, sair a observar as plantas e bichos. A luminosidade agradecida de todo ser vivente.

Se sentir-se assim é ser anormal, sou uma anormal feliz. Muito prazer!

Alda M S Santos

MUDANDO O/OU PARA O INTERIOR?

MUDANDO O/OU PARA O INTERIOR?
Cada dia que passa as pessoas têm procurado mais a vida no campo. Uns querem apenas desfrutar de suas belezas e conforto, por um fim de semana ou férias. Outras, querem voltar às origens, retornar ao passado que ficou lá atrás e, após um tempo, volta com tudo, especialmente após os 40 anos. Há também aquelas que nunca tiveram experiência com a vida rural, e se encantam ao primeiro contato.

Outro dia, numa sala de espera de um consultório médico, dois senhores conversavam sobre isso. Um dizia que o médico tinha recomendado procurar uma vida mais calma para afastar o estresse. O outro sugeriu que comprasse um sítio, ao que ele respondeu que não se acostumaria àquele silêncio todo e à vida dura de trabalhos braçais.

Daí surgiu todo um relato da nova vida que passou a levar após um infarto. Passou a viver num sítio, cujos familiares se opuseram veementemente. Acharam que era mania de velho, visto que nunca tinha demonstrado interesses pela área rural. Acabaram por ceder, visando preservar a saúde do patriarca da família. Compraram um sítio não muito longe da cidade. Todos os dias, esposa e filhos dirigiam 50km para ir para o trabalho.

Reclamaram muito no início, mas se acostumaram. Sentiram falta das regalias da cidade no início: pizzarias, cinemas, celulares, internet, shoppings… Mas acabaram por se encantar pela pureza do ar, as cores dos jardins, o contato com a terra, a horta, as árvores frutíferas, os animais que passaram a criar, o rio.

A família ia e voltava todos os dias. Não acreditava que quisessem ficar lá para sempre. Quanto a ele, não abria mão daquela vida. Gostava de acordar cedo, ver o sol nascer, alimentar seus bichos e cuidar de suas plantas. Quem diria que teria forças para usar a enxada? Gostava das caminhadas nas trilhas de terra, de sentar-se à beira do rio, ouvir os pássaros, cochilar à tarde, ouvir música em seu mp3 velho… Sentia prazer nas mínimas coisas. Num bate-papo com os poucos vizinhos que encontrava quando ia ao pequeno comércio na região, nas leituras prediletas, no violão que gostava de tocar à noite… Voltou a escrever poemas, hábito da juventude, abandonado pelos atropelos da vida.

Só ia à cidade para realizar consultas periódicas com o cardiologista. Logo o médico o chamou. Despediu-se do amigo e foi recebido pelo médico com carinho. “Estou precisando ir para o campo também! Que saúde, vigor e alegria você demonstra”! O outro senhor atendeu ao celular, ficou vermelho e concluiu: “Preciso mesmo dar um novo rumo à minha vida”!

Saí de lá pensando no privilégio que é poder ter as duas opções: o campo e a cidade. Mas o fundamental é desacelerar, adquirir hábitos mais simples, menos consumismo, adquirir paz interior. O campo, com suas dificuldades geográficas e de consumo, pode aumentar os problemas se não mudarmos nosso interior “urbano” e estressado. Mudar nosso interior antes de nos mudarmos para o interior.
Alda M S Santos

 

 

Viver de saudades

A palavra saudade é tão forte que só de ouvi-la já podemos sentir aquele aperto característico no peito. Às vezes, esse aperto pode ser doloroso, outras prazeroso, sempre nostálgico. 

Mas será que a saudade é um sentimento benéfico ou contraproducente? 

Penso que a saudade é sempre uma sensação de ausência, de falta. O que fará com que seja benéfica, ou não, será a capacidade que relembrar venha a ter de amenizar esse vazio, ou aumentá-lo. 

Podemos sentir saudades da casa da infância, dos irmãos e amigos da escola, de um animal de estimação, das brincadeiras na rua, de um parente que faleceu, das loucuras do primeiro amor, do primeiro beijo roubado, dos bate-papos na calçada até a madrugada, dos bailes da juventude, dos apertos da faculdade, do casamento, do nascimento dos filhos, de um sentimento que morreu ou adormeceu… São inúmeras as vivências que podem gerar saudades. 

As que conseguem gerar um sentimento de completude, de preenchimento do vazio, são aquelas nas quais nos envolvemos a fundo, em que não há arrependimentos, pois, em sua época, foram vivenciadas plenamente, ficaram para trás, mas geram lembranças boas, gostosas de reviver. Essa saudade é extremamente benéfica. Faz-nos rever bons tempos e nos anima a seguir em frente. Gera forças. 

Em contrapartida, há aquelas situações cujas lembranças não preenchem o vazio deixado. Reviver dói sempre, porque, em sua época, o viver, apesar de intenso, foi doloroso. Foi incompleto, não vivenciado como gostaríamos, deixou espaços em branco, arrependimentos, vácuos. Portanto, ao reviver, não se lembra apenas do que foi bom, mas do que poderia ter sido e não foi. Fica sempre a pergunta “por que não agi assim?”, “teria sido tão diferente se eu tivesse feito outra escolha!” Ao viver essa saudade sempre ficamos incompletos, com vontade de voltar no tempo e consertar certas coisas: estudos, empregos, amizades, amores. Fica, para muitos, um gosto amargo na boca, com a sensação de ter sido preterido pela vida. 

Essa saudade, que não gera preenchimento, tende a ser maléfica, porque nos paralisa, nos deixa inertes, impotentes, visto que não temos como voltar no tempo e reviver o que ficou faltando, o que nos causa dor. 

Os mais velhos tendem a sentir mais saudades, é natural, já tiveram mais experiências. São mais nostálgicos, mas não precisam ser tristes. 

De todo modo, se viver de saudades, por tempo demasiado, nos impedir de viver o tempo presente, seja qual tipo de saudade for, não será bom a médio e longo prazo.

Todos nós temos momentos maravilhosos para sentir saudades e relembrar, e outros que preferiríamos corrigir, consertar, ter outra oportunidade. Alguns talvez possamos fazer isso. A maioria, não. Na impossibilidade, quando essa saudade bater, aproveitemos para analisá-la, avaliar nosso comportamento, e usar desse conhecimento, dessa experiência, para sermos mais plenos em nossas vivências atuais. Aprendemos, por experiência própria, que as saudades mais dolorosas são daquilo que deixamos por fazer. Com isso em mente, poderemos viver mais plenamente e deixar para o futuro menos saudades dolorosas e mais razōes para saudades benéficas, prazerosas, intensas! 

Alda M S Santos 

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