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poemas e reflexões da vida cotidiana

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Dores,

Dói

DÓI

Dói joelho esfolado, coração magoado
Dói ser decepcionado ou por alguém enganado
Dói um sapato apertado, o bolso esvaziado
Dói envelhecer sem alguém do bem ao lado

Dói bater o pé na quina, imaginar-se em ruína
Dói não saber em quem confiar, não poder desabafar
Dói perder o bonde, o sono, não ser seu próprio dono
Dói falsa amizade, sem haver reciprocidade

Dói ter a cama vazia ou viver de vã filosofia
Dói ter a alma estagnada, a saúde roubada
Dói ver a natureza destruída, a fé subtraída
Dói não ter a quem responsabilizar por esse penar

Dói ver o tempo passar sem poder aproveitar
Dói se sentir perdido ou sem lugar
Dói sentir muito frio ou muito calor
Dói morar num coração de favor

Dói não preservar a própria essência
Dói ter um peso qualquer na consciência
Dói não se sentir amado ou desejado
Dói querer o impossível ao seu lado

Mas toda dor tem um processo de cura
Um analgésico, um sorriso, Deus, afastam a amargura
Um rio, um céu, um Sol, uma Lua, um cobertor
Ter alguém de verdade que seja nosso amor…

Alda M S Santos

Insanas produções

INSANAS PRODUÇÕES

Sofrer é um modo louco, insano de viver

Foge ao controle de qualquer ser humano

Cada qual lida como consegue, como suporta

Compulsivamente, muitas vezes, amargamente, noutras

Fechando-se em si mesmos, usando alucinógenos variados

Exigindo muito de si, fisicamente, em atividades esportivas

Hibernando, mergulhando no mais escuro e profundo do ser

Criando, desenhando, pintando, compondo

Plantando ideias de amor, de fé, de compaixão

Sofrimento insano gerando obras de artes

Plásticas, da literatura, da música…

O quanto de lindo deixado para a posteridade não é fruto de sofrimento produtivo

Como ostra produzindo lindas pérolas

Como lagartas em casulo transformando-se em borboletas leves e coloridas?

Não temos como fugir ao sofrimento

Inclusive ao sofrimento de quem amamos, que dói muito também em nós

Mas podemos usá-lo como combustível, inspiração, força

Escolher o que queremos fazer com ele:

Insanas e lindas produções artísticas

Ou loucas produções bélicas, destruições próprias e alheias…

Na verdade, fingir que o sofrimento não existe

É que é o modo mais insano, doloroso e improdutivo de sofrer…

Alda M S Santos

Dores

DORES

Ponho-me a observar uma borboleta que borboleteia feliz no jardim

Os pássaros que cantam em total diversão e voam dos galhos das árvores para o comedouro

Cachorros cochilando na varanda, ora correm, ora saltam, balançando o rabo, alegres e fiéis

Irracionais, parecem não ter qualquer tipo de dor ou angústia

Concluo que deve haver algo de muito sagrado nas dores humanas

Posto que não há humano que viva sem elas

Certamente é uma forma de “purificação” a que os animais estão isentos

Estamos sempre a lutar contra uma delas

As dores físicas, orgânicas, são inúmeras

As famosas cefalalgias e diversos tipos de “algias”

Aquelas que sabemos apontar onde dói e medicar

Há ainda as dores de tristeza, de angústia, de saudade, de desamor

Dores que ferem lá no fundo e não identificamos a origem

Dores psicológicas, mentais, emocionais, existenciais

Aquelas que o médico não encontra no RX ou na tomografia

As mesmas que a maioria das pessoas olha e diz

“Fulano é feliz, não tem problemas, sempre sorrindo”…

Há ainda as dores do outro que carregamos como nossas

São do outro, mas ele está tão dentro da gente,

Que dói em nós também…

Por essa perspectiva, se tudo que dói em nós

Dói naqueles que nos amam

Dá pra calcular o sofrimento de Jesus

Ao sofrer com nossas dores

Particularmente aquelas autoinflingidas, que nós mesmos buscamos

Por desconhecimento, ignorância, descuido, ou autoflagelo…

Sei lá!

Mas que às vezes dá vontade de ser uma borboleta

Ah, isso dá!

Alda M S Santos

Não dá pra mensurar

NÃO DÁ PARA MENSURAR!

Há coisas que por mais que se tente, não conseguimos mensurar!

O tamanho da dor que aperta no peito de quem perde um amor,

Ou o vazio na vida de uma mãe que não poderá mais abraçar seu filho,

Não dá pra mensurar!

A culpa de alguém que não pôde proteger a quem amava,

Ou a saudade que machuca no peito dos apaixonados,

Não dá pra mensurar!

A tristeza e revolta que acompanham os perseguidos,

A dificuldade de seguir em frente com fé, quando tudo que se quer está no passado,

Ou o medo de caminhar rumo a um futuro incerto e sem brilho,

Não dá pra mensurar!

A verdade é que só se pode mensurar

Aquilo que está dentro de nós!

O que se passa com o outro,

Podemos apenas imaginar…

Alda M S Santos

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