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despedidas

Desculpe

DESCULPE!

Eu lutei, me esforcei, enfrentei o que machucava, sem revoltas

Dei tudo de mim, entreguei o que tinha, pedi, perdi

Desculpe!

Não foi o bastante tudo que fiz

As dores que passei, os medos que vivi, eu tentei, perdi

Desculpe!

Amei vocês acima de tudo, briguei comigo mesma

Quis estar aqui, ser a Mulher Maravilha, perdi

Mas nem todos os laços que cultivei conseguiram me salvar

Desculpe!

Fui feliz, sorri, chorei, sofri, fiz vocês sofrerem

Acreditei que seria possível… perdi

Desculpe!

Por não ter aguentado, não ter conseguido ficar mais

Desculpe!

Por ter partido e deixado vocês para trás

Desculpe!

Mas uma promessa eu cumprirei

Amarei vocês para sempre!

Ainda nos encontraremos um dia e abraçarei vocês de novo

Desculpe! Adeus!

Ela teria dito, se pudesse, antes de partir…

Eu teria dito se fosse ela

E ela se foi…

Guerreira, amante e amada…

Alda M S Santos

Última visita

ÚLTIMA VISITA

Ao encerrarmos uma visita no lar de idosos

Sempre temos o cuidado de despedir de cada um

Com o carinho que faz parte da nossa relação com eles

Um pensamento passa sempre por minha mente

“Pode ser o último abraço, última vez que vou vê-los”

E o carinho é redobrado…

Pensamento que tento afugentar, mesmo sendo “natural”,

Visto que são idosos e muitos deles estão doentes.

Mas, a verdade é que só Deus sabe de todas as coisas,

Tanto podem ser eles a ir embora para casa, como pode ser eu ou um de nós

Deus é que sabe onde estaremos fazendo mais falta

Devíamos sempre viver com todos como se pudesse ser a última visita

E sem chance para despedidas

A última vez dei um beijo nessa Miss Guerreira

Estava jantando no quarto, já não se sentia bem…

Vá com Deus, Luzia Guedes

Todos no céu vão amar você tocando seu pandeiro

Amamos você! Saudades!

Alda M S Santos

#carinhologos

#carinhologossolidarios

Nem me despedi

NEM ME DESPEDI…

E aquela pessoa querida se foi…

Foi chamada para uma vida melhor que essa

Choramos, lamentamos, quase sempre exclamamos:

Sequer pude me despedir!

Gostaríamos mesmo?

Dar um adeus, não um tchau ou um até mais,

Um adeus! Sabendo que não haverá volta.

Um adeus! Até não sei quando ou onde…

Teríamos estrutura?

Momento para o qual nunca estaremos preparados

Não fomos ensinados a abrir mão de quem amamos

A nos afastar de quem queremos por perto

Mesmo sabendo da finitude da vida e das relações.

Melhor mesmo é fazer valer cada segundo dessa vida

Pois ele pode ser um adeus

E a gente nem ter se despedido…

Alda M S Santos

Apagando…

APAGANDO…

A estrada é longa, forte neblina, quase nada se vê

Caminha, caminha, tenta, mas não alcança

A imagem, antes tão nítida, começa a se apagar. 

Anda mais rápido, chama, estende a mão, a voz não sai

Lágrimas escorrem ininterruptas…

Não mais distingue a imagem, apenas sente

Sente que algo se vai, que a deixa para trás

Que é preciso andar, sempre, em frente 

Quanto mais tenta se aproximar, mais se sente apagada 

Alguns ventos afastam a neblina, uma imagem embaçada aparece, sorri

Sabe que foi importante, sente o peito se apertar

Não mais reconhece o dono daquele sorriso

Mas seu olhar amoroso aquece seu peito 

Pisa numa poça d’água, para, olha para si mesma

Quase não se reconhece…

Muitos e muitos anos se passaram

Que imagem é aquela que ela persegue?

Que foi tão importante, tão recheada de saudades? 

Cansa, para, ele acena…

Novo sorriso, retribui, se entendem

Sem se reconhecerem. 

Coisa de almas. 

Volta da viagem, acorda

O peito apertado e dolorido.

Quem irá embora?

Alda M S Santos

Despedidas

DESPEDIDAS

Quase sempre a porta de entrada é a mesma da saída.

Por que ela sempre nos parece diferente? 

Cumprimentamos no mesmo lugar que nos despedimos.

Por que nunca é a mesma coisa? 

A entrada quase sempre carrega maior expectativa, alegria, ansiedade… 

O desconhecido apresenta possibilidades…

A saída traz consigo o peso da despedida, do adeus, da dúvida do retorno, da esperança…

O agora conhecido, quase sempre amado, gera saudades.

É diferente porque nós estamos diferentes! 

Quer seja a porta de uma casa, do trabalho, de um sítio, de um coração… 

O sentimento de alegria ou angústia é o mesmo. 

Estaremos melhores em algumas coisas, talvez piores em outras.

Deixaremos também melhorias, talvez alguns estragos.

A esperança de todos nós é que ao nos despedirmos, se necessário for, que deixemos o lugar melhor que encontramos. 

Que saiamos de lá seres humanos mais íntegros, mais completos, mais felizes, mesmo se houver feridas…

E que possamos voltar um dia!

Alda M S Santos 

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