UMA NOVA CHANCE
Ela ouvia a música no carro. Era noite, vidros semi abertos.
Cantarolava a canção pensando no mundo de coisas a fazer.
Dia seguinte seria o Dia das Mães, almoço, família…
Celular no colo para acionar GPS se precisasse. Ela se perdia facilmente.
O dia tinha sido puxado com a visita ao asilo. O porta-malas estava lotado de roupas para doação.
À noite tudo ficava mais confuso, lugares desconhecidos. Pegou umas fichas para o encontro de jovens na casa de um casal e já retornava para casa, queria descansar.
Descendo a rua o celular escorregou e caiu no chão do carro. Abaixou-se para pegar, reduziu a marcha e quando levantou já tinha uma arma apontada para a sua cabeça.
Foi tudo muito rápido, ele já entrou empurrando-a para o outro banco.
Ela tremia e chorava, enquanto ele gritava para ela calar a boca. Olhos vermelhos, moletom enorme, capuz. Era jovem e muito magro!
Ela implorou para ser deixada para trás. Que poderia levar tudo, mas que a deixasse.
“Cala a boca, cala a boca, cala a boca”- ele gritava enquanto passava as mãos na cabeça soltando o volante e segurando desajeitadamente a arma.
Com um medo enorme e com muita pena dele ela disse:
“Amanhã é Dia das Mães, sou mãe, tenho filhos, tenho mãe, por favor me deixe aqui”.
“Cala a boca, cala a boca”- drogado, ele gritava!
“Por favor, tenho dois filhos, você tem mãe”?
Nessa hora ela sentiu a arma batendo com muita força em sua fronte. Não viu mais nada!
Voltou a si sem saber onde estava ou quanto tempo tinha passado. A cabeça latejava…
Tentou se levantar, tudo escuro, bateu a cabeça, as pernas não conseguiam se esticar. O cheiro de amaciante e uma luzinha por uma pequena fresta fizeram-na perceber que estava trancada no porta-malas.
Claustrofobia e medo tomaram conta dela. Onde estava?
Carros ao longe, cachorros latiam. Estava num lugar deserto.
Esperou um pouco e teve medo de que tocassem fogo no carro. Tinha acontecido isso muito por ali!
Começou a forçar a tranca batendo forte os pés. Chutava o canto dos faróis e gritava por socorro!
“Por favor, alguém me ajude, fui sequestrada, socorro”- gritava e chorava e chutava o carro fazendo muito barulho.
“Quem está aí?- ouviu uma voz lá de fora .
“Fui assaltada, estou trancada no porta-malas, por favor me tira daqui!”
E ela chorava mais ainda, de medo, frustração, dor, agonia…
Mas quando ouviu vozes perto do carro, alguém acionando a polícia, e a porta do carro se abrindo para ela sair por dentro, entre tantos sentimentos prevaleceu o da alegria.
Estava a salvo, ele a tinha deixado sobreviver por algum motivo.
Estava a muitos quilômetros de casa.
As lágrimas rolavam insistentes, mas só pensava na alegria de estar viva para o Dia das Mães.
Uma oração silenciosa: “Obrigada, Senhor”!
Alda M S Santos
outubro 8, 2019 at 7:36 pm
Que história é esta? É verdadeira? Com quem?
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outubro 8, 2019 at 8:28 pm
Sim! Verídica! Comigo. Há 2 anos e meio atrás!
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outubro 8, 2019 at 8:31 pm
Que isso? Acredito que pelo menos umas duas vezes eu renasci… Você também renasceu… Mulher de luz a transmitir mais luz… Por isso é tão inspirada… Paz e Bem!
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outubro 8, 2019 at 8:32 pm
Perigara, poeta! Fui salva! Já escrevi vários poemas sobre isso desde então. Como Conto foi a primeira vez. Superando…
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outubro 8, 2019 at 8:53 pm
Abençoada, poeta!
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outubro 8, 2019 at 8:31 pm
Estou viva pq acredito que devo ter algo ainda pra fazer por aqui…
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outubro 8, 2019 at 9:26 pm
👏👏👏
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